Da Agência Lusa
A seis semanas da 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP21), marcada para dezembro em Paris, 149 países já anunciaram suas metas para a redução de gases de efeito estufa entre 2025 e 2030, mas várias organizações dizem que são insuficientes. O objetivo é não deixar que a temperatura média do planeta aumente mais do que 2 graus Celsius até 2100.
Entre o conjunto de países que representam 90% das atuais emissões de gases de efeito estufa (GEE), a China é o principal emissor mundial, com um quarto (25%) do total. Pela primeira vez, o governo chinês comprometeu-se a um limite de emissões de GEE até 2030.
Depois de anos em uma postura defensiva – justificada pela necessidade de se desenvolver economicamente – o maior consumidor mundial de carvão (a forma de energia mais prejudicial para o aquecimento do planeta) quer reduzir entre 60 a 65% sua “intensidade de carbono” até 2030 (com o ano de 2005 como referência). Esse esforço da China, que também é o maior investidor mundial em energias renováveis, representa 4% ao ano.
Segundo maior poluidor mundial, os Estados Unidos querem reduzir as suas emissões entre 26% e 28% até 2025, também em relação a 2005. Um objetivo aquém da meta dos países europeus, mas acima das contribuições anteriores norte-americanas, o que leva o World Resources Institute a afirmar que a administração do governo Barack Obama “é a primeira a atacar o problema” e “ao menos apresenta um plano confiável”, que marca uma virada “rumo a uma economia de carbono”.
A União Europeia pretende reduzir em pelo menos 40% até 2030 as suas emissões (tendo como base o ano de 1990) e obter um equilíbrio zero de carbono até 2100 (ou seja, compensar totalmente as emissões de carbono). Terceiro maior emissor mundial, com 10% do CO2 de todo o mundo, a UE “poderia melhorar a sua contribuição”, ressalta a Fundação Hulot, que destaca “uma dinâmica positiva”.
Já o Climate Action Tracker, que agrupa vários centros de investigação, ressalta que a UE está tendo um grau de envolvimento “médio”.
A Índia, o quarto maior emissor de GEE, promete reduzir a sua “intensidade de carbono” em 35% até 2030 (em relação a 2005), mas sem fixar um objetivo de redução global de emissões. A Índia conta obter 40% da sua eletricidade de fontes renováveis até 2030, mas admite a sua dependência ao carvão (cuja produção vai duplicar até 2020).
O quinto emissor mundial, a Rússia, quer cortar entre 25% e 30% entre 1990 e 2030. O Climate Action Tracker sublinha, ainda assim, que retirando o efeito positivo gerado pelas florestas russas, a redução dos GEE industriais prevista não passa de 6% a 11%, taxando o esforço russo como “insuficiente”.
O Japão pretende reduzir os GEE em 26% entre 2013 e 2030, contando com a volta do uso da energia nuclear, parada desde a catástrofe de Fukushima (acidente nuclear na Usina de Fukushima, no Japão, em 2011). As organizações não governamentais (ONGs) consideram “insuficiente” a proposta do Japão, um dos grandes consumidores de carvão no mundo.
O Brasil anunciou que quer reduzir as emissões em 43% até 2030 (base 2005), apostando nas energias renováveis. O plano foi bem acolhido, mas com críticas das ONGs quanto ao “esforço insuficiente” contra o desmatamento.
A maior parte dos países produtores de petróleo ainda não entregou o plano à Organização das Nações Unidas (ONU), entre os quais Arábia Saudita, Irã, Omã, Catar, Kuwait, Nigéria e Venezuela.