Natalia da Luz, em Por dentro da África
Rio – Ele documentou 165 países através de suas lentes, mas não foi só isso que ele registrou. Nessa estrada de descoberta, Haroldo Castro colecionou histórias, cheiros, lembranças de todas as partes do mundo. Especialmente, a África esteve em seu roteiro, onde ele somou 39 países africanos, que contribuíram para a produção de um livro com riqueza única, chamado “Luzes da África”.
Haroldo já havia feito duas grandes viagens intercontinentais nos anos 1970: uma da Europa à Índia, em um Renault 5, e outra pela América do Sul, em uma Kombi. Ele conta que, há pelo menos uma década, havia decidido fazer uma viagem rodoviária pela África. O plano começou no início de 2009 e se concretizou entre novembro de 2009 e julho de 2010. Foram 40 mil km por 18 países, que deu origem ao Luzes da África, lançado em 2012.- Antes de criar o projeto, eu já conhecia 29 países africanos. Alguns, como Madagascar, eu já havia visitado mais de 12 vezes. Durante à expedição em 2009, fomos (eu e meu filho) a 18 países. Destes, oito eram novos para mim. Assim, o número de países africanos passou a ser 37. Em abril passado, estive em Togo e Benim, ou seja, hoje posso dizer que documentei 39 países do continente – conta em entrevista ao Por dentro da África o autor, que no próximo dia 2 de julho participará de um encontro acompanhado de uma sessão de autógrafos no Rio de Janeiro.
O livro de 574 páginas é repleto de detalhes, de cultura, dos costumes, da fuga dos clichês da miséria e da guerra de um continente impossível de ser definido diante de tamanha diversidade.- Meu filho Mikael Castro e eu havíamos pensado em vários nomes para a viagem: Acreditar na África, Caminhos Africanos, Luzes Africanas. Acabamos escolhendo Luzes da África, nome que tem muito a ver com a fotografia (a luz da imagem), assim como a mensagem positiva que queríamos mostrar sobre o continente. O nome acabou sendo o mesmo para a viagem, para a série de reportagens publicadas na revista Época e, obviamente, para o livro – explica Haroldo, que nasceu em Roma (Itália).
– Durante uma viagem de 9 meses por 18 países não existe apenas um momento emocionante. São, no mínimo, dezenas de experiências singulares. Para exemplificar, sublinho as paisagens da Namíbia, a vida selvagem na Tanzânia, os gorilas-da-montanha em Ruanda e Uganda, as tribos na região do Omo na Etiópia, a Páscoa em Lalibela e as pirâmides do Sudão – enumera o jornalista e documentarista.
Compartilhando a experiência de Lalibela
Lalibela é uma cidade no norte da Etiópia com igrejas esculpidas na rocha viva, por ordem do rei Lalibela (do século XII da era cristã). As igrejas foram feitas ao contrário, ou seja, de cima para baixo a partir de um grande bloco de rocha.
Esses “monumentos”, considerados patrimônio da humanidade pela Unesco desde 1978, são registros de uma região que abriga as mais antigas tradições cristãs. Para seus fiéis, de tradição copta (a Igreja Ortodoxa Copta, de acordo com a tradição, foi estabelecida pelo apóstolo São Marcos no Egito em meados do século I), a peregrinação à Lalibela tem o caráter de uma viagem à Jerusalém.
Para compartilhar o que aprendeu durante sua visita à Lalibela, Haroldo organizou, em abril passado, uma verdadeira expedição com turistas interessados em conhecer um pouco mais sobre essa região tão importante para a história da Etiópia. O período escolhido foi a Fasika (Páscoa Etíope), considerada a mais importante celebração do calendário ortodoxo. O retorno à Lalibela com um grupo de turistas mostrou que, além das lembranças do passado, a África permanece no presente e nos planos futuros de Haroldo.
– Inspirado na viagem pelo continente, decidi que eu deveria dividir minha experiência com outros viajantes. Estive em lugares tão fantásticos que não posso guardar essas experiências só para mim. Outras pessoas também precisam saber que estas maravilhas existem – conta o fotógrafo, que criou o Viajologia Expedições com a proposta de levar grupos de brasileiros a destinos exóticos como Namíbia e Etiópia.
Seja nas “expedições” à África (organizada pelo autor) ou nas páginas do livro, este contato com a África permite descobrir, aprender, respeitar e se encantar com a cultura do outro.
– O leitor aprende muito da história, da cultura, dos hábitos e dos costumes africanos. Minha proposta principal foi mostrar uma perspectiva positiva sobre o continente, normalmente desprezado pela imprensa mundial. Além disso, considero que o livro aborda constantemente a arte e a ciência de viajar.
Serviço: Encontro com Haroldo Castro
Dia 2 de julho, às 19h30, na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, Rio de Janeiro
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.