Por Agência Estado, no Diário de Pernambuco
O julgamento de dois acusados da chacina de Unaí, Norberto Mânica e José Alberto Castro, foi adiado para a próxima terça-feira, a pedido da defesa de Mânica. A justificativa foi a apresentação, no último dia 19, de um vídeo de delação premiada de outro acusado, Hugo Pimenta, que também seria julgado nessa quinta-feira, mas, com a delação, terá julgamento em separado. A data inicial seria 4 de novembro mas, com o novo calendário, ainda pode ser alterada.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou durante a sessão ser fundamental o acesso da defesa ao vídeo, e ameaçou abandonar a sessão caso isso não ocorresse. O juiz Murilo Fernandes, então, disse que intimaria a defensoria pública para dar prosseguimento à sessão. Ao final, no entanto, houve acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para o adiamento da sessão.
Está previsto para a semana que vem também o julgamento de Antério Mânica, irmão de Norberto e prefeito da cidade por duas vezes (2005 a 2008 e 2009 a 2012). Por ter foro privilegiado, o processo de Antério correu em separado. Os dois são fazendeiros. Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro são apontados como intermediadores da contração dos pistoleiros que assassinaram os funcionários do ministério.
O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004. Os fiscais do trabalho Nelson José da Silva, João Batista Lages, Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros em uma emboscada na zona rural de Unaí, no momento em que trabalhavam na região, com alta incidência de trabalho escravo e contratações irregulares de trabalhadores. Os quatro foram assassinados dentro do veículo com o qual se deslocavam nas visitas às propriedades rurais. O noroeste de Minas é um dos principais produtores de grãos do Estado, sobretudo milho e feijão.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os quatro foram mortos em função da atividade que exerciam. Os pistoleiros contratados para o crime, Erinaldo Vasconcelos Silva Rogério Allan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, já foram condenados a penas que variam de 56 a 94 anos de prisão. O julgamento ocorreu em setembro de 2013.
Erinaldo Silva, réu confesso, admitiu ter recebido R$ 50 mil para cometer o crime. A contratação do serviço, ainda conforme o pistoleiro, ocorreu em Formosa (GO), por intermédio de Francisco Pinheiro, réu falecido. A justificativa apresentada foi que os fiscais estavam “incomodando algumas pessoas”. Se condenados, podem receber penas de 12 a 30 anos de prisão, multiplicadas por quatro, que é o número de vítimas. A demora no julgamento se deveu a recursos apresentados pelos acusados. Todos estavam em liberdade.