Os irmãos Antério e Norberto Mânica, e os cerealistas Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro irão à júri popular na Justiça Federal em BH nos dias 22 e 27 de outubro
Por José Vítor Camilo, em O Tempo
A pouco mais de três meses de completarem 12 anos da Chacina de Unaí, acontecerá nos próximos dias 22 e 27 de outubro, na sede da Justiça Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, o julgamento dos irmãos Antério e Norberto Mânica e de outros dois réus do caso, ocorrido em 2004 na cidade do Noroeste mineiro. Eles são acusados de envolvimento na morte de três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego, assassinados ao fiscalizarem denúncias de trabalho escravo no município.
Além de Antério Mânica, ex-prefeito da cidade pelo PSDB, e seu irmão e empresário Norberto Mânica, também serão julgados pelo Tribunal do Júri os réus Hugo Alves Pimenta, empresário cerealista que teria pago R$ 45 mil pelas mortes encomendadas, e José Alberto de Castro, o Zezinho, empresário de Contagem, na região metropolitana, que teria intermediado a contratação dos pistoleiros a pedido de Hugo. Os quatro réus respondem ao processo em liberdade.
Os auditores Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram emboscados em uma estrada rural de Unaí e assassinados a tiros no dia 28 de janeiro daquele ano. À época, eles investigavam casos de trabalho escravo nas fazendas de feijão dos irmãos Norberto e Antério Mânica, que seriam os principais mandantes do crime.
Em agosto de 2014, após quatro dias de julgamento realizado em Belo Horizonte, os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva, William Gomes de Miranda e Rogério Alan Rocha Rios foram condenados a penas que, somadas, passam de 226 anos de prisão.
Durante o julgamento dos pistoleiros, uma das testemunhas que prestaram depoimento na época foi Hugo Alves Pimenta. Ele confirmou que Norberto foi o mandante do crime, mas não quis comentar a participação de Antério.
A revelação aconteceu devido um acordo de delação premiada entre o réu e o Ministério Público, em 2007. O trato garantiu a liberdade provisória do réu na época do crime e a redução de pena em dois terços em caso de condenação.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.