Por ANPUH, em Pataxi Kuã
Transformar a universidade numa aldeia de saberes. Esta é a proposta do Pataxi Kuã – Encontro Cultural e Acadêmico que será realizado nos dias 14, 15 e 16 de outubro, no Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), na cidade de Eunápolis, extremo sul da Bahia.
Com o tema “Povos Indígenas na Bahia: histórias, culturas e lutas”, este evento tem como objetivo geral ampliar a discussão sobre a temática indígena dentro da universidade, contribuindo com o aprofundamento das reflexões sobre o papel dos povos indígenas na formação da sociedade brasileira e com a descolonização epistemológica da universidade no Brasil.
Segundo o professor Francisco Cancela, um dos organizadores do evento, “a proposta é indianizar a universidade durante os três dias de atividades, construindo um espaço de valorização dos saberes indígenas, de diálogo intercultural e de reflexão sobre a descolonização do saber”.
Programação
O evento terá conferências, mesas de diálogos, oficinas, mostra de vídeos e exposições. Valorizando o protagonismo indígena, todas as atividades contarão com a participação de lideranças, professores e pesquisadores indígenas baianos, bem como dos estudantes da Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena da Universidade do Estado da Bahia (LICEEI/UNEB). Com esta perspectiva, a programação realiza uma ruptura com uma visão ainda dominante na nossa sociedade que ignora o valor epistemológico do notório saber dos mestres tradicionais e despreza a multiplicidade de leituras, linguagens, saberes e fazeres das lideranças e intelectuais indígenas.
Duas conferências serão realizadas com objetivo de nortear, provocar e refletir a temática geral do evento. Na abertura, no dia 14 às 19 horas, a professora doutora Rosângela Pereira de Tugny, da Universidade Federal do Sul da Bahia, abordará o tema Por que a temática indígena na universidade?, trazendo questões da sua vasta experiência de pesquisa junto aos povos indígenas no Brasil. No encerramento, dia 16, às 19 horas, Aruã Pataxó, Cacique da aldeia de Coroa Vermelha, falará das Histórias e lutas dos povos indígenas na Bahia, discutindo as conquistas e os desafios dos índios na atual conjuntura.
As mesas de diálogos, por sua vez, terão o papel de estimular a troca de saberes. Serão quatro mesas com dois expositores, sendo um indigenista acadêmico e outro uma liderança ou intelectual indígena. Na primeira mesa, o tema do debate será Etnoturismo e Povos Indígenas, que contará com a presença de Nitinawã Pataxó, da Associação Pataxó de Ecoturismo da Reserva da Jaqueira, e de Carlos Alfredo Oliveira, pesquisador que atuou no Projeto de Gestão Ambiental e Territorial Indígena da FUNAI. A segunda mesa será composta por Agnaldo Pataxó, liderança do movimento indígena baiano, e Maria Hilda Paraíso, pesquisadora da história dos índios da UFBA, que falarão sobre Retomada Territorial e Direitos Indígenas. Na terceira mesa o tema será os Índios e a educação, tendo Eurico Baniwã do Instituto Federal da Bahia e Paulo de Tássio da Silva (doutorando da UERJ) como debatedores. Por fim, a última mesa de diálogo será composta por Awoy Pataxó, do grupo indígena de estudo chamado Atxohã, e Francisco Vanderlei da Costa, do IFBA de Porto Seguro, que tratarão da Retomada Linguística, identidade cultural e luta política.
No dia 16, na parte da manhã, a programação do evento traz o Laboratório de Saberes e Fazeres, com diversas oficinas ministradas por professores, lideranças e mestres indígenas da Bahia. Temas como canto e dança, pintura corporal, lendas e mitos, língua Pataxó e ervas curativas serão abordados nas oficinas, evidenciando os saberes tradicionais e oportunizando o contato direto dos participantes com o modo [de] fazer, de ser e de expressar de diversas culturas indígenas baianas. As oficinas serão espaços privilegiados de valorização do patrimônio epistemológico indígenas, além de um momento de exercício do protagonismo indígena dentro da universidade.
Inscrição
O Pataxi Kuã é aberto ao público e busca envolver principalmente professores da educação básica, estudantes de graduação e estudiosos da temática indígena. Diferente dos demais eventos, o Pataxi Kuã não exigirá inscrição para participação das atividades, bastando aos interessados assinarem a lista de presença para a obtenção de certificação do evento. Contando com apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UNEB, por meio dos recursos disponibilizados pelo Edital 018/2015, este evento marca o compromisso da universidade com a consolidação dos direitos indígenas na Bahia.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
14 de Outubro | Quarta-feira
19h – Ritual de Abertura
19:30h – Conferência de Abertura: Por que a temática indígena na Universidade?
Rosângela Pereira de Tugny (UFSB)
15 de outubro | Quinta-feira
08:00h – Mesa de Diálogo – Etnoturismo e Povos Indígenas – experiências, projetos e desafios
Nitinawã Pataxó (ASPECTUR) & Carlos A. de Oliveira (GATI/FUNAI)
11:00h – Mostra de Vídeos Indígenas
Sessão Educação, Escola e Práticas Educativas
13:00h – Oficina PIBID – Diversidade – Currículo, Interculturalidade e Ensino nas Aldeias
Paulo de Tássio da Silva (PPGE/UERJ)
16:30h – Mesa de Diálogo – Retomada territorial, movimentos indígena e lutas dos índios na Bahia
Agnaldo Pataxó (LICEEI/UNEB) & Maria Hilda Paraíso (PPGH/UFBA)
19:00h – Mesa de Diálogo – Os índios e a educação: velhos e novos desafios
Eurico Baniwa (IFBA/Porto Seguro) & Paulo de Tássio da Silva (PPGE/UERJ)
16 de Outubro | Sexta-feira
08:00h – Laboratório de Saberes e Fazeres Indígenas
Oficina Contos, Mitos e Lendas Indígenas – Oficina Educação Escolar Indígena – Oficina Pintura Corporal Indígena – Oficina Medicina Tradicional Pataxó – Oficina Canto e Dança Pataxó – Oficina Histórias dos Mais Velhos
14:00h – Mostra de Vídeos Indígenas
Sessão Cultura, Lutas e Histórias
16:30h – Mesa de Diálogo – Retomada linguística, identidade cultural e luta política
Awoy Pataxó (Atxohã) & Francisco Ferreira da Costa (IFBA/Porto Seguro)
19:00h – Conferência de Encerramento
História e luta dos índios na Bahia
Aruã Pataxó (FINPAT)
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Lara Schneider.
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