Cerca de 90 famílias que vivem na comunidade denunciaram que sofrem ameaças de morte
As denúncias de ameaças à comunidade quilombola Cajá dos Negros, no município de Batalha, região da Bacia Leiteira de Alagoas, foi tema de reunião entre autoridades estaduais e federais na sede do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), em Jaraguá, intermediada pela superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/AL), Lenilda Lima.
Cerca de 90 famílias que vivem na comunidade denunciaram que sofrem ameaças de morte constantes de alguns proprietários de fazendas na região devido à questão territorial. Além das famílias, técnicos do Incra/AL disseram ter sofrido coação enquanto trabalhavam na comunidade.
“Estamos apurando a denúncia de técnicos do Incra que fazem delimitação territorial na comunidade. Eles afirmaram que encontraram resistência e foram coagidos enquanto trabalhavam”, disse Lenilda Lima.
De acordo com a líder comunitária da comunidade Cajá dos Negros, Ivaniza Leite da Silva, tem sido difícil conviver com o medo. “É muito assustador você ser ameaçada de morte, por isso viemos aqui pedir ajuda aos órgãos para que as famílias tenham paz”, disse.
Para resolver o problema, o Ministério Público Federal tem tomado medidas protetivas, segundo o antropólogo do órgão, Ivan Farias. “Já foi aberto um inquérito civil para investigar a questão territorial e o MPF pediu a abertura de inquérito policial para a Polícia Federal. Além disso, iremos apresentar a situação à Câmara Cível em Brasília para inserir os servidores no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas”, disse Farias.
De acordo com o diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva, é importante reunir os órgãos para discutir problemas e ações. Essas reuniões são importantes para colocar em discussão as questões das minorias, como é o caso dos quilombolas e dos índios, por isso o Iteral tem trabalhado para dar atenção e assistência a esses povos”, frisou Silva.
O evento reuniu representantes do Gerenciamento de Crise da Polícia Militar, Gabinete Civil, Casal, Eletrobras, Diretoria de Polícia Judiciária da Área 1, como também da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL, da Fundação Palmares e de comunidades quilombolas do Estado.
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Imagem: Autoridades estaduais e federais participaram de reunião para discutir denúncias. (Foto: Ascom/Iteral)