Nós, arqueólogas e arqueólogos, reunidos na Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da SAB (Sociedade de Arqueologia Brasileira), realizada no dia 01 de outubro de 2015, nas dependências da PUC Goiás (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), na cidade de Goiânia, considerando:
Primeiro, a política colonialista do Estado Brasileiro, observada na contínua e sistemática violação dos direitos elementares dos povos indígenas, sobretudo no que se refere à regularização das terras de ocupação tradicional;
Segundo, o assassinato de centenas de indígenas em Mato Grosso do Sul, ocorrido nos últimos anos, no contexto dos conflitos pela posse da terra entre ruralistas e comunidades originárias, a exemplo do que foi registrado em 2013 na Terra Indígena Buriti e em 2015 na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu;
Terceiro, a proposta da criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), apresentada à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a qual se configura como mais uma farsa ruralista para negar o protagonismo indígena na reivindicação de direitos, enxovalhar a imagem de uma instituição ligada à defesa dos direitos humanos e desviar a atenção sobre as tentativas de etnocídio ou genocídio cultural contra os povos originários no estado;
Vimos a público manifestar nosso apoio e solidariedade a todos os povos indígenas no Brasil, especialmente aos Guarani, Kaiowá e Terena que seguem na luta pela regularização de suas terras em Mato Grosso do Sul, das quais foram expulsos no século XX. Ao mesmo tempo, registramos nosso repúdio à CPI do CIMI que tramita na Assembleia Legislativa e aos ruralistas envolvidos na violação de direitos dos povos indígenas e no financiamento de grupos armados que atentam contra a vida de comunidades indígenas no estado.
Goiânia, 01 de outubro de 2015.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Jorge Eremites de Oliveira.
Kátia Abreu ampliou o breu sobre o povo da floresta. Chega de pasto! Chega de soja! Energia no Brasil tem fontes múltiplas. Não ao assassinato de índios. Chega de grilagem institucionalizada.