Miriam Hermes, A Tarde
A Polícia Civil de Prado, 821 km ao sul de Salvador, tenta prender os responsáveis pelo incêndio que destruiu o Centro Cultural dos Pataxós da aldeia Cahy, na Terra Indígena Comexatiba, distrito de Cumuruxatiba. O incêndio ocorreu na madrugada de terça-feira, 11.
A delegada titular de Prado, Rosângela Santos de Souza, informou nesta quinta, 13, que a polícia tem pistas sobre a identidade dos criminosos e que a Polícia Federal foi comunicada. Ela já ouviu algumas pessoas da tribo e pretende ouvir também fazendeiros envolvidos no conflito pela disputa de terras com os índios.
Conforme relatos dos moradores, feitos a um técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) que esteve no local horas após o ataque, um grupo de seis homens chegou em três motocicletas, jogou gasolina sobre o telhado de palha e pôs fogo. Antes de fugir, disseram os indígenas, o grupo fez vários tiros na direção das casas da aldeia, mas ninguém foi ferido.
O incêndio criminoso destruiu roupas típicas, ferramentas, instrumentos musicais e outros objetos da cultura indígena utilizados em ocasiões especiais. Também atingiu todo o artesanato colocado à venda. No lugar incendiado moravam Ricardo Xawã Pataxó, sua mulher Eriane Braz e a filha de 2 anos. Mas ele (que é filho do pajé e cacique da comunidade) não estava com a família no local.
Segundo a nota divulgada pela Funai, os criminosos eram acompanhados de longe por quem ocupava uma caminhonete prata. Segundo a nota, um dos ocupantes do veículo era uma mulher apontada como uma das autoras de ação que pede a saída dos indígenas e reintegração de posse aos fazendeiros.
Na madrugada seguinte, novamente um grupo de homens em três motocicletas esteve na aldeia efetuando disparos. Na quarta, 12, investigadores, técnicos do DPT de Teixeira de Freitas e uma guarnição da PM foram à aldeia periciar o local incendiado e conversar com os indígenas.
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Imagem: Pistoleiros atacam Aldeia Pataxó do kaí na Terra Indígena Comexatiba (Imagem: ANAÍ)