Leandra Felipe – Corresponde da Agência Brasil/EBC
A imprensa mexicana repercute hoje (10) a morte de Miguel Ángel Jiménez Blanco, um dos principais ativistas na busca pela verdade sobre o desaparecimento dos 43 jovens da Escola Rural Ayotznapa, estado de Guerrero, sudoeste do México. O corpo foi encontrado dentro do táxi, que ele possuía, na noite de sábado (8), perto de Acapulco, também em Guerrero. Segundo a promotoria local, Jiménez teria sido morto pelo crime organizado.
Ele era um policial comunitário na região e exercia pressão junto as autoridades para saber o paradeiro dos estudantes que desapareceram em setembro do ano passado. O caso ficou mundialmente conhecido e as investigações da Procuradoria-Geral da República confirmaram o envolvimento do governo do estado de Guerrero com os grupos criminosos e narcotraficantes que atuam na região.
Apesar da fama e de as investigações terem afirmado que os estudantes foram mortos, ainda não houve esclarecimento sobre os autores e sobre onde os corpos teriam sido enterrados.
Jiménez fundou em 2013, uma polícia comunitária, chamada de Xaltianguis, uma espécie de grupo de autodefesa, que buscava proteger a população do crime organizado, de maneira independente, à margem da polícia oficial. O grupo também investigava de maneira paralela.
As entidades e organizações civis que trabalham em defesa dos direitos humanos lamentaram a morte do líder. Javier Monroy, fundador do grupo Tadeco Organismo Civil, uma Organização não governamental que concentra informações sobre desaparecidos em Guerrero, disse à Agência Brasilque Jiménez estava “aproximando-se da verdade” e que isso lhe custou a vida.
A imprensa local já havia noticiado que em suas investigações paralelas, Jiménez teria descoberto possíveis locais onde os corpos dos estudantes poderiam ter sido deixados. A policia comunitária de Xaltianguis procurava pistas de este e outros casos de pessoas desaparecidas. Segundo informações da imprensa local, mais de 120 corpos foram encontrados pelo grupo liderado por Jiménez e entregues às autoridades.
Ele havia se tornado popular no estado, vitimado pela violência e com alta impunidade, um problema recorrente não só em Guerrero, mas no país. Segundo números oficiais e da Anistia Internacional, o México tem mais de 20 mil pessoas desaparecidas. A Agência Brasil visitou o estado de Guerrero e a escola de Azotzinapa em novembro e conheceu a realidade vivida pela população local.
Edição: Valéria Aguiar
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Imagem: Miguel Angel Jimenez Branca disse à BBC em dezembro que as colinas ao redor de Iguala é um cemitério (BBC)