O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Projeto Pe. Ezequiel, da Diocese de Ji-Paraná, se manifestaram com relação à violência policial contra manifestantes do MST, anteontem, 3 de agosto, em Rondônia. Seguem as notas, de repúdio à violência e de solidariedade ao MST, respectivamente.
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Nota de Repúdio do MPA: Repressão Policial contra quem luta para garantir condições de vida digna na terra
O MPA –Movimento dos Pequenos Agricultores expressa seu repúdio a ação policial contra os Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, no dia 03 de agosto em Ji Paraná –RO, durante jornada Nacional de luta. Eram famílias, que mesmo sempre ignoradas pelo modelo agrícola e agrário desse país resistem as ganancias do latifúndio e seguem produzindo alimentos que vão pra mesa de todos (do campo e da cidade), lutando para que seus (e nossos) filhos e filhas não tenham que roubar, prostituir-se, contrabandear… para sobreviver.
A policia foi truculenta, agressiva e racista nesta ação. REPUDIAMOS esta ação e externamos nosso apoio de SOLIDARIEDADE INCONDICIONAL à luta pela terra pela REFORMA AGRÁRIA e ao MST.
Terra para quem nela vive e trabalha!
Se o camponês não planta a cidade não janta!
Não ao latifúndio.
Não ao agronegócio!
Não a toda forma de repressão contra quem luta por direitos e pela vida!
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Nota de Solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores(ras) Rurais Sem Terra – MST/RO
Prezados Companheiros e Companheiras de caminhada e de luta,
Vimos, num primeiro momento, nos manifestarmos, solidariamente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Rondônia, pela ação repressora por parte dos agentes das polícias federal e militar, durante manifestação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, em ato de reivindicação dos seus direitos elementares básicos, de políticas públicas para o campo, realizada no ultimo dia 03 de agosto de 2015, em Ji-Paraná/RO, nos órgãos do INCRA e da Receita Federal. É inadmissível e inaceitável as atitudes dos policiais contra a dignidade humana e o desrespeito para com todos, mas sobretudo às pessoas idosas e crianças presentes na manifestação. Absurdos como esses, nos faz indignar e relembrar os horrores vividos nos tempos da ditadura e repressão militar.
Repudiamos e desqualificamos os agentes policiais causadores do tumulto e do desequilíbrio da manifestação, pela imposição da força e das armas policiais sobre os manifestantes, com requintes de crueldade, conforme foi presenciado e é possível ver claramente nas imagens gravadas. Homens, mulheres, jovens e crianças simples e trabalhadores, sofrendo humilhações e ultrajes publicamente por defenderem uma vida com dignidade conforme a vontade de Deus. São cidadãos e cidadãs que demonstram mais amor ao Brasil, porque trazem estampados no rosto e nas mãos as marcas de uma desigualdade social e econômica estabelecida pelos ditames do capital. Não obstante a tudo isso, ainda tem a coragem de saírem às ruas para expressarem o desejo coletivo de uma sociedade melhor para se viver.
Que se faça chegar, com a máxima urgência às instâncias superiores e autoridades competentes, tal incidente, para se apurar os fatos e responsabilizar os policiais que prestaram esse desserviço, em nome do Estado, deixando muito evidente atitudes de ódio e racismo contra os manifestantes. Até quando, haveremos de ver mais sangue derramado? Até quando haveremos de ver mais gente sendo torturada? Até quando nossos filhos e filhas serão reféns do medo?
Solidariamente, em nome da vida, da justiça e da dignidade humana!
Por um Brasil sem repressão!
Estamos juntos pelo Brasil que queremos, comungando sonhos e indignação!
Projeto Pe Ezequiel
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Foto: Juventude da Via.
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Henyo Barretto.