Conferência discutirá violência contra jornalistas e estratégias de combate nas Américas

Cristina Fontenele – Adital

A PEN Internacional, organização que atua pela liberdade de expressão no mundo, realizará de 21 a 24 de fevereiro a Conferência das Américas 2015 no México. Cerca de 40 escritores devem se reunir com o governo federal mexicano para debaterem sobre o clima de violência, impunidade e medo que acomete jornalistas da América Central e México. A delegação incluirá presidentes de PENs da Argentina, Brasil, Guatemala, Honduras, Nicarágua e México.

A PEN (abreviação em inglês para poetas, ensaístas e novelistas) é o mais antigo organismo internacional dedicado à defesa da liberdade de expressão. Fundado em 1921 na Inglaterra, a instituição está hoje presente em 100 países. Para o presidente da organização, John Ralston Saul, “a violência contra os jornalistas e a repressão da liberdade de expressão na América Central e México é alarmante. Esta cúpula reunirá, pela primeira vez, escritores membros da PEN em nível mundial na região. Os jornalistas devem poder realizar seu trabalho vital sem medo e em condições de segurança”. A Cúpula, que acontecerá também em outras datas nos países da Nicarágua e Honduras, tem como objetivo estabelecer estratégias de combate à impunidade e aos ataques contra jornalistas.

México, Honduras, Nicarágua e Guatemala sofrem graves violações à liberdade de imprensa, consideradas como algumas das regiões mais perigosas do mundo para o exercício da profissão. Segundo dados da PEN Internacional, no primeiro semestre de 2012, mais escritores foram assassinados na América Latina do que em qualquer outra região do mundo.

A presidenta do Comitê de Escritores em Prisão da PEN Internacional, Marian Botsford Fraser, acredita que “a independência jornalística e a liberdade de expressão só florescem quando a cultura de impunidade perder suas raízes. Esta missão fará com que PEN permaneça unido com escritores, jornalistas e amigos de toda a região contra este controle absoluto”.

Em Honduras, já foram 46 jornalistas assassinados desde 2003; no México, foram 67 mortes desde 2004, onde há impunidade em 90% dos crimes contra comunicadores. Na Nicarágua, o próprio governo empreende intimidações e censura ao trabalho da imprensa, uma vez que a família governante é proprietária da maior parte das estações de televisão.

Em carta aos membros da PEN, John Ralston Saul fala sobre sua recente visita ao local dos assassinatos ocorridos na revista Charlie Hebdo, em Paris, em janeiro deste ano, com o PEN francês e os desafios para a proteção de jornalistas diante de tantas diferenças culturais e de grandes fluxos de imigração. O presidente destaca que a maioria das violências “não tem a ver com extremismo religioso, islâmico ou de outro tipo. A maioria dos jornalistas é assassinada ou presa por ofender o poder – estatal, criminoso, corporativo ou uma combinação dos três. Em algumas ocasiões, o poder se esconde detrás da fé. Mas a corrupção – a aliança entre o Estado, criminosos e corporações é um problema maior do que a religião.”

Foto: Mobilizações não conseguem deter violência contra jornalistas nas Américas

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.