Carta à Direção Nacional do Partidos dos Trabalhadores PT
Dos Movimentos Sociais de Povos e Comunidades Tradicionais do Campo da Esquerda Brasileira e base social do Partido dos Trabalhadores*
A presente carta apresenta a esperança dos movimentos sociais representantes de povos e comunidades tradicionais, de termos no próximo mandato petista um governo de esquerda, que apoie as lutas de todos os povos e comunidades tradicionais, base social deste partido e deste governo que entendemos como NOSSO GOVERNO!!!!
Nossas lutas se traduzem nas pautas históricas do campo brasileiro, das populações excluídas historicamente no Brasil, contra a grilagem dos nossos territórios, exploração do trabalho que muitas vezes chega a ser análogo à escravidão, apropriação dos meios de produção e violência de toda natureza.
Um governo petista deve ter coerência no tocante à sustentabilidade social, ambiental, cultural e econômica. Queremos caminhar juntos nessa luta com nossas lideranças petistas, mas através dessa carta viemos pontuar que não visualizamos mais as nossas lutas no PT. A vida não está fácil dentro do partido, as pautas sócio ambientais e das populações tradicionais de forma geral mas principalmente no tocante ao acesso aos nossos territórios tem encontrado grande dificuldade no partido e no governo petista. Mas é necessário que fique pontuado, quem constrói o governo somos nós, esse é o nosso Governo!!!!
Essa carta é um apelo ao PT para que retome suas pautas históricas em defesa dos oprimidos pelas oligarquias desde sempre dominantes dos meios de produção no Brasil. E a Presidenta agora neste segundo mandato depois deste processo eleitoral dificultoso, precisa entender melhor e representar as causas da base social do partido, afinal fomos nós que a elegemos!!
Nossos territórios estão em jogo, as áreas marinhas estão sendo leiloadas a revelia das comunidades costeiras, projetos de Lei que tramitam no congresso nacional como a PEC 215, o Código de Mineração, e o PL 7735 são ataques diretos à sobrevivência das nossas comunidades, a exemplo do Código Florestal.
Por fim apresentamos que não aceitamos o direcionamento político dado pela Ministra Isabella Teixeira no Ministério do Meio Ambiente ou do senhor Sergio Brant no ICMBio, nitidamente contrários à estruturação e emancipação social dos povos e comunidades tradicionais, que optaram pela vida nos territórios tradicionais, que se traduz na conservação da biodiversidade e todos os benefícios associados ao nosso modo de vida e produção. Não apresentamos indicações de nomes e nem pretendemos nos arriscar nesse campo que com toda certeza é prerrogativa da Presidenta que elegemos, mas não queremos inimigos dos nossos povos ocupando espaços que devem ser ocupados por companheiras(os) forjados na consciência da luta.
Seguimos em luta construindo o campo da esquerda brasileira, sempre pela base, aguardamos um retorno sobre as colocações aqui elencadas.
Brasília 26 de novembro de 2014
Assinam:
ACBANTU – Asssociação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu
Associação CEDRO – Centro de Estudos e Discussões Romani
APF – Articulação Puxirão dos Faxinalenses
CONAQ – Coordenação Nacional Quilombola
CONFREM – Comissão Nacional de Fortalecimento das Resex Marinhas
CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas
MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu
Rede Cerrado e CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
Coordenação Nacional das Comunidades Tradicionais Caiçaras – União dos Moradores da Juréia
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* Carta Final do II Encontro Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.