A Cúpula termina, mas as lutas continuam

A Cúpula dos Povos levou 80 mil pessoas à Marcha dos Povos e mobilizou diariamente 30 mil pessoas: sucesso

A terceira e última Assembleia dos Povos, realizada nesta sexta-feira (22), marcou o fim da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental. Na Assembleia, representantes de entidades e movimentos elaboraram e apresentaram planos de campanhas e ações para as organizações nos próximos anos. O fim da Cúpula dos Povos não significa o fim do processo de construção de um novo paradigma, que continuará entre as redes e organizações que participaram do evento. Entre as mais variadas campanhas e ações programadas para os próximos anos, a luta contra a ‘economia verde’ perpassa todos os temas.

Foram programadas campanhas relacionadas a cada uma das cinco plenárias realizadas ao longo da Cúpula. Sobre a Plenária 1, que trata de direitos, foram agendadas campanhas anti-militarização; por igualdade de gênero dentro das organizações; por liberalização das drogas; contra a criminalização da juventude; por solidariedade com Cuba e Haiti; contra a privatização das sementes.

As ações referentes à defesa dos bens comuns e contra a mercantilização (Plenária 2) envolvem a campanha pela reforma agrária; pela comunicação como bem comum e pela liberdade de expressão. Já a Plenária 3 (soberania alimentar) elaborou, por exemplo, campanhas pela produção e consumo de alimentos sustentáveis, contra o uso de agrotóxicos e de transgênicos, pela produção de sementes crioulas.

Em relação à energia e indústrias extrativas (Plenária 4), a Cúpula dos Povos programou campanhas contra o abuso das corporações transnacionais, e pela denúncia de empresas causadores de degradação ambiental e de violação de direitos. A quinta e última Plenária, que trata de trabalho e economia, construiu campanhas contra o capitalismo e formas de exploração do trabalho, pelos direitos dos trabalhadores e pela reforma do sistema político brasileiros.

A Cúpula é a verdadeira Rio+20
“A Cúpula dos Povos realizou o que propôs: ser um contraponto à Rio+20 oficial”, resumiu Darci Frigo, membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, em coletiva de imprensa realizada após a Assembleia. “Nós nos recusamos a estabelecer um diálogo com a ONU porque sabíamos que a negociação do documento final não avançaria”, explicou.

Segundo Frigo, essa percepção foi confirmada quando Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, afirmou durante uma reunião com representantes da Cúpula que o documento elaborado na Rio+20 oficial era o primeiro passo rumo ao desenvolvimento sustentável. “Se esse é o primeiro passo, significa que os 20 anos anteriores, iniciados com a Eco 92, foram perdidos!”, exclamou Frigo.

As críticas da Cúpula dos Povos ao processo da Rio+20 incluem a captura da ONU por corporações multinacionais; o rebaixamento dos direitos nos textos discutidos durante a conferência e, claro, a ‘economia verde’. Como uma das questões mais marcantes da oposição entre a Cúpula dos Povos e a conferência das Nações Unidas, a ‘economia verde’ é, para Frigo, a única solução levada em conta pela ONU. “Ban Ki-moon ficou surpreso quando dissemos que éramos contra a ‘economia verde’”, contou. “A ONU aposta na economia verde como solução única para o sistema financeiro, e não para a crise global.”

Se a Rio+20 oficial foi um fracasso, a Cúpula dos Povos – que levou 80 mil pessoas ao Centro do Rio de Janeiro na Marcha dos Povos – foi um sucesso.

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