Após reunião com secretário geral da ONU, delegação da Cúpula dos Povos se diz decepcionada

Natasha Pitts, Jornalista da Adital

Na manhã de ontem (22), uma delegação de representantes do Grupo de Articulação (GA) do Comitê Facilitador da Sociedade Civil (CFSC) para a Rio+20/Cúpula dos Povos se reuniu com o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, para apresentar o documento final da Cúpula dos Povos. A reunião aconteceu no Riocentro, local onde  acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Participaram deste encontro 36 delegados da Cúpula dos Povos. Cinco deles foram escolhidos como porta-vozes para apresentar o documento: Sharan Burrow, da Confederação Sindical Internacional (CSI); Mnimmo Bassey, ambientalista nigeriano; a canadense Nettie Wiebe, da Via Campesina Internacional; a sul-africana Mercia Andrews, do movimento de mulheres; e o brasileiro Antonio Marcos Alcântara de Oliveira, representando os povos indígenas.

Na ocasião, os representantes da sociedade civil apresentaram a Ban Ki Moon o documento final da Cúpula, produzido por todos os participantes durante as Plenárias de Convergência e as Assembleias dos Povos.

De acordo com Graciela Rodriguez, da Articulação de Mulheres Brasileiras, o encontro foi decepcionante, pois o secretário geral apenas repetiu o que já tinha sido dito por ele sobre a relevância do documento final da Rio+20 e a necessidade de “ser ambicioso, mas ter os pés na terra”.

“Nós saímos da reunião decepcionados. Fomos mostrar o documento da Cúpula dos Povos, houve uma fala indígena excelente sobre terras e territórios, nós colocamos nossas demandas, os debates que aconteceram, fizemos nossas críticas sobre economia verde e outros temas e o que nós escutamos foi que é preciso realmente ser ambicioso, mas ter os pés na terra”, explicou Graciela, acrescentando que Ban Ki Moon parabenizou e agradeceu pela realização da Cúpula dos Povos.

Sobre o documento final da Rio+20, Graciela informou que Ban Ki Moon manifestou que este documento foi o possível de sair e que ele é uma boa base para o trabalho, apesar de que é preciso manter a ambição. A ativista acrescentou que todas as falas do secretário geral foram muito genéricas e só repetiram discursos.

Apesar dos elogios tecidos ao documento, na quarta-feira (20), início da Rio+20, a opinião do secretário geral das Nações Unidas não era esta. Ele qualificou o texto como pouco ambicioso e afirmou que o documento estava aquém das expectativas.

Já na quinta-feira, Ban Ki Moon pediu uma coletiva com os jornalistas brasileiros e em poucos minutos concedeu uma entrevista elogiando a liderança da presidenta brasileira Dilma Rousseff e afirmando que o resultado foi “um grande sucesso”.

Acredita-se que a mudança brusca de opinião tenha sido resultado de pressão exercida pela chancelaria brasileira. De acordo com a imprensa local, Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores, repassou ao secretário geral um recado sobre o descontentamento da presidenta com as críticas divulgadas por ele.

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=68159

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