Severn Suzuki voltou a discursar no Riocentro. Vinte anos depois de ter calado os líderes mundiais na Eco-92, a menina canadense, hoje uma mãe de 32 anos, engrossou as críticas feitas por ambientalistas ao texto produzido pela conferência, “O Futuro que Queremos’.
Suzuki é uma das personalidades que assinaram ontem uma carta declarando que não endossam o texto da conferência do Rio. Será entregue hoje ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
A reportagem é de Cláudio Angelo e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-06-2012.
“Essa declaração, a menos que tenhamos nela uma reintegração da democracia, será prova de um colapso na governança mundial”, declarou Suzuki na reunião onde a carta “A Rio +20 que Nós Não Queremos” foi apresentada.
O tempo longo decorrido entre o anúncio da conclusão do documento da conferência, na segunda-feira, e sua adoção formal pela cúpula de chefes de Estado, hoje, permitiu que vários setores da sociedade civil fizessem críticas públicas ao texto.
Um grupo de ambientalistas encenou um abandono simbólico da reunião, como delegações fazem quando uma negociação afunda.
ONGs, sindicatos, cientistas e ex-chefes de Estado pressionam os atuais líderes mundiais a fazer mudanças no texto ou, pelo menos, a se comprometerem com um plano ambicioso de implementação da Rio+20.
“Não sei o que eles podem fazer, mas, se os presidentes e primeiros-ministros não podem pegar esse documento e acrescentar algo forte a ele, quem mais poderá?”, disse Suzuki à Folha.
Os ex-governantes Fernando Henrique Cardoso, Gro Harlem Brundtland (Noruega) e Mary Robinson (Irlanda), do grupo “The Elders”, disseram num comunicado que a Rio+20 não faz o suficiente para pôr a humanidade na trajetória de desenvolvimento sustentável.
“É uma falha de liderança”, disse Robinson.
FHC queixou-se do peso menor dado à proteção ambiental em relação a inclusão social e crescimento.
“Não podemos mais assumir que nossas ações coletivas não levarão a colapsos à medida que limiares ambientais são rompidos, trazendo o risco de danos irreversíveis tanto a ecossistemas quanto a comunidades humanas”, disseBrundtland.
A secretária-executiva da Confederação Sindical Internacional, Sharan Burrow, pediu que a presidente Dilmareconheça publicamente a frustração geral com o resultado. “Ela tem uma oportunidade de delinear as expectativas dela sobre os próximos passos, dizer que está falando sério sobre suas intenções de implementação”, afirmou.
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