“Marcha a ré” para centro do Rio em protesto contra retrocessos ambientais

Manifestação pacífica percorreu trechos das principais avenidas do centro do Rio

Por: Oswaldo Braga de Souza, ISA – Instituto Socioambiental 

Manifestação percorre as principais avenidas do centro da cidade para alertar para retrocessos na legislação ambiental.  Belo Monte e o BNDES também foram alvo de protestos.  Em encontro inusitado, ativistas cruzam com relator do Código Florestal.

Uma passeata diferente dos participantes da Cúpula dos Povos parou hoje algumas das principais avenidas do centro do Rio de Janeiro.  A cúpula pretende fazer um contraponto à Rio+20, que acontece durante toda a semana, também no Rio.

Uma “marcha a ré” reuniu mais de três mil pessoas em defesa das florestas e contra as mudanças no Código Florestal.  Em vários pontos, os manifestantes seguiram de costas para representar os retrocessos da política ambiental do governo de Dilma Rousseff.  A usina de Belo Monte e a redução de unidades de conservação também foram alvo dos protestos.

Investimentos de BNDES em projetos que provocam a devastação da Amazônia foram lembrados com faixa bem em frente à sede do banco

A manifestação saiu do MAM (Museu de Arte Moderna), no Aterro do Flamengo, onde acontece a Cúpula dos Povos, e percorreu as avenidas Presidente Antônio Carlos e Almirante Barroso até a sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em algumas faixas, a instituição financeira foi denominada de “Banco Nacional do Desmatamento e da Exclusão Social”, alusão aos investimentos em grandes hidrelétricas e projetos agropecuários na Amazônia.

Na passarela que dá acesso ao prédio, um ativista vestido de Dilma Rousseff cuspiu fogo em um mapa do Brasil. Depois disso, a passeata cortou a Cinelândia, passando pelo Teatro Municipal, e retornou ao Aterro do Flamengo, percorrendo parte da Cúpula dos Povos.

A manifestação foi organizada pelo Comitê Fluminense em Defesa das Florestas, o Comitê Universitário em Defesa das Florestas de Brasília e o movimento Brasil pelas Florestas.

Mais de três mil pessoas particparam da passeata

“A marcha acabou sendo um ponto de encontro de vários movimentos que estão atuando em todo Brasil contra as mudanças no Código Florestal”, afirma Ivy Wiens, do ISA e do Comitê Brasil em Defesa das Florestas.

Ela considera que o grande público da manifestação e do ato ocorrido no sábado, na Cúpula dos Povos, também em defesa das florestas (saiba mais), mostra que o interesse pelo assunto é grande e está crescendo, tanto entre ativistas de outras causas e movimentos quanto entre pessoas comuns que têm visitado a cúpula ou pedem informações nas ruas do Rio.

“As faixas e manifestações artísticas da passeata mostram que as pessoas estão entendendo o que está acontecendo com a nossa legislação ambiental”, avalia Ivy.

Participantes de outros movimentos sociais, como o Ocuppy e em defesa de gays e lésbicas, participaram da marcha. Agricultores familiares e trabalhadores rurais sem terra também marcaram presença.

Inusitado

A “marcha a ré” teve dois momentos no mínimo inusitados. No primeiro, já dentro da Cúpula dos Povos, a manifestação passou a poucos metros de ninguém menos do que o deputado federal Paulo Piau (PMDB-SP), relator e responsável por vários dos retrocessos incluídos no novo Código Florestal na Câmara.

Alguns manifestantes cercaram o parlamentar, pedindo que se pronunciasse sobre o assunto e até sugeriram que se desculpasse publicamente. Com um sorriso amarelo e sem falar muito, Piau conseguiu escapulir da pequena multidão.

Mais à frente, a marcha cruzou com outra mobilização, do movimento “Sair do Capitalismo”, que protestava contra a economia de mercado por meio de rimas de cordel.  Os dois protestos encontraram-se e paralisaram o trânsito de pedestres e pequenos veículos no Aterro do Flamengo bem em frente a um show de música de um grupo Hare Krishna.  Não restou alternativa aos participantes de ambas as manifestações do que cair na dança.

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