Observatório de Favelas – Na medida em que a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável se aproximava vínhamos buscando visibilizar lacunas e reticências presentes naquelas que hoje são as pautas centrais do evento. Neste período, procuramos ainda colocar em questão o paradigma a partir do qual serão encaminhados os principais debates do encontro, pondo em perspectiva noções como as de desenvolvimento sustentável, economia verde e ajuda aos países em desenvolvimento, defendidas pelo discurso oficial da Rio+20 e até então bastante comprometidas com a manutenção do atual modelo de desenvolvimento.
Sabemos, entretanto, que questionar, embora seja um passo fundamental, não chega a ser o suficiente. Precisamos de estratégia. É por isso que o Observatório de Favelas, ao lado de um conjunto de organizações atuantes em favelas e espaços populares (Verdejar, Cooperativa de Reciclagem Eu Quero Liberdade, Raízes em Movimento, Redes da Maré e Fase), convida todos a participarem do encontro “A Favela na Agenda dos Direitos Sociais e Ambientais”.
Nesta atividade de dois dias — inscrita na programação da Cúpula dos Povos, mas programada para acontecer nos conjuntos de favelas da Maré e do Alemão — trocaremos experiências, idéias e debateremos propostas para a garantia dos direitos sociais e ambientais dos habitantes de todos os territórios da cidade.
Pautar a relação entre os espaços populares e os direitos socioambientais ganha especial significado — e por isso relevância do ponto de vista político-estratégico –, quando nos deparamos com o fato de que quase 80% dos brasileiros afirmam não ter ideia de quais serão os assuntos abordados na Rio+20. A informação é da pesquisa “O que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável”, divulgada na última quarta-feira (06) pelo Ministério do Meio Ambiente. Neste sentido, trazer a Cúpula dos Povos para as favelas e discutir com seus moradores a importância de se afirmar o direito à cidade é uma iniciativa que se recobre de simbologia, considerando o lugar do debate e o tema.
Portanto, esperamos que “A Favela na Agenda dos Direitos Sociais e Ambientais” torne-se uma contribuição para restabelecer os nexos entre o social e o ambiental, desconstruindo o discurso de que o desenvolvimento está estritamente condicionado à dominação da natureza. De acordo com esta idéia, o homem seria um elemento externo à natureza e por isso a dificuldade de conexão entre as questões ambientais e seus impactos na vida social que deve ser superada.
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