Nota do movimento indígena do Sul do Amazonas

Na data de ontem(04/06), após várias tentativas de negociação e acordos não respeitados pelo Distrito Especial de Saúde Indígena de Porto Velho (DSEI/PVH) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), os povos indígenas Tenharin, Parintintin, Jiahui e Apurinã, atendidos pelo Pólo Base de Humaitá decidiram ocupar a Casai e o Pólo Base de Humaitá-AM até serem atendidos em suas reivindicações.

Os principais problemas enfrentados pelos indígenas dessa região dizem respeito às questões básicas de saúde como deslocamento dos pacientes de suas aldeias para a cidade, encaminhamento de pacientes para consultas, realização de exames e atendimento de receitas prescritas.

A falta de transporte levou a dois absurdos. Os pacientes das aldeias que ficam na região da Transamazônica (BR230), estavam sendo deslocados para Humaitá em ônibus de linha, até que as lideranças não toleraram mais as ocorrências de discriminação no ônibus e não aceitaram mais essa condição. O segundo absurdo é o fato de por muitas vezes os pacientes que já se encontram na cidade perderem suas consultas por falta de viaturas para transportá-los da Casai ao Hospital Municipal de Humaitá.

Os pacientes que conseguem as consultas, nem por isso resolvem seus problemas, já que é frequente o não atendimento das receitas e exames prescritos pelos médicos. Com isso, é comum que pacientes retornem para suas aldeias sem os medicamentos e tenham que ser trazidos para a cidade novamente, por conta do agravamento do seu quadro clínico.

O descaso com a saúde indígena fica latente pelas condições da Casa de Saúde do Índio (CASAI) de Humaitá, que recentemente foi reprovada em inspeção da vigilância sanitária do município, por não ter as condições adequadas para o seu objetivo. Remédios acondicionados de forma irregular, falta de saneamento e local apropriado para a hospedagem dos pacientes, fazem do lugar que deveria ser para a recuperação um motivo de piora na situação de saúde dos indígenas ali atendidos.

Esses problemas não são exclusividade do Polo Base de Humaitá e por essa razão os povos indígenas do Sul do Amazonas estão em articulação com lideranças de Porto Velho – RO, Ji-Paraná – RO, Guajará-Mirim – RO, Jarú – RO e Alta Floresta – MT, que também são atendidos pelo DSEI/PVH para a ocupação do DSEI/PVH. A prova da atual condição precária da saúde indígena no Brasil é que povos indígenas do Sul e do Centro Oeste, também têm manifestado o seu descontentamento com as péssimas condições de atendimento. Esperamos que esses movimentos pelo país afora sirvam para abrir os olhos do Governo Federal e da população em geral a respeito do que vem acontecendo na saúde indígena.

Humaitá, 05 de junho de 2012.

Contatos:

Ivanildo Tenharin (97) 8118-4625

Antônio Nézio Tenharin: (97) 8121-0106

Enviada por Henyo Barretto/IEB.

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