Contagem: MPMG mira impacto em lagoa

Destruição. Lagoa do Sanguessuga diminuiu quase quatro vezes de área e está completamente seca

Natália Oliveira

O assoreamento da lagoa do Sanguessuga no bairro Cabral, em Contagem, na região metropolitana, causado pela expansão imobiliária no entorno, é alvo de ação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). De acordo com o órgão, intervenções feitas pela construtora MRV Engenharia em uma Área de Preservação Permanente (APP) teriam afetado gravemente a Sanguessuga, afluente da lagoa da Pampulha. A empresa foi multada em R$ 1,3 milhão.

No mês passado, o promotor de Meio Ambiente de Contagem, Leonardo Barreto, fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) afirmando que a construtora realizou intervenções na APP durante a construção do residencial Giardino Di Siena que teve início em 2010. Pelo documento, o valor da multa deve começar a ser pago, em parcelas, a partir do mês que vem e deverá ser depositado no Fundo Municipal de Meio Ambiente. Um outro condomínio construído próximo a lagoa, também terá que ajudar a MRV a fazer o projeto de desassoreamento do local, em contrapartida pelo impacto do empreendimento.

De acordo com o vereador Ivayr Soalheiro (PDT), antes das construções, a lagoa tinha cerca de 800 m² e hoje a área passou a ser de 200 m². A profundidade da Sanguessuga era de 3 m e agora tem apenas 5 cm. “Como parte da vegetação foi destruída por esses empreendimentos, a terra começou a descer para a lagoa e a assoreou. Além disso, os entulhos da obra desceram para a água”, disse. 

De acordo com Soalheiro, a lagoa também é fonte de vida para vários animais silvestres que vivem na mata ao redor dela, como veado campeiro, garças, micos e jaguatiricas. O carpinteiro José Lima, 57, conta que haviam vários pássaro na área e que agora eles sumiram da região. “É uma tristeza, porque a lagoa era uma das principais belezas que tínhamos aqui no bairro e acredito que muitos animais também morreram por causa da falta de água”, contou Lima.

Resposta

A MRV nega a intervenção na área e diz que vai pagar a multa e fazer o projeto de desassoreamento para evitar que o caso seja levado à Justiça e a entrega dos apartamentos tenha qualquer atraso. Serão seis blocos com 384 apartamentos em 16 mil m². Ainda de acordo com a construtora, não houve acúmulo de entulhos da obra dentro da lagoa, já que a empresa contava com um serviço de bota-fora que recolhia o lixo. A MRV afirmou ainda que a construção do condomínio foi legal e obteve autorização da Prefeitura Municipal de Contagem.

A administração do município confirma que emitiu a liberação para a construção desde que a lagoa não fosse degradada, o que não aconteceu. A prefeitura afirmou que aguarda o cumprimento do TAC proposto pela promotoria. O dinheiro, segundo a prefeitura, será investido na recuperação desse recurso hídrico.

Enviada por José Carlos.

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