AC – Equipe vai à Santa Rosa acompanhar situação de comunidades indígenas

Cerca de 13 crianças morreram vítimas dos mesmos sintomas: diarreia, febre e vômito.

Agnes Cavalcante

Uma equipe composta por médico, assistente social, nutricionista e também o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Purus (DSEI), Raimundo Costa, chegou ontem (26), ao município de Santa Rosa do Purus, para averiguar as condições em que se encontra a saúde indígena naquele município.

Dezesseis crianças teriam morrido vítimas do rotavírus. A última foi uma criança indígena de nove meses da etnia Apurinã que morreu na última sexta-feira (20), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital da Criança, em Rio Branco. Além dos Apurinã, que vivem no Alto Rio Inauini, os Huni Kuin (Kaxinawá) e Madjá (Kulina), do Alto Rio Purus, também registraram mortes.

Lideranças indígenas que compõem o Conselho Distrital de Saúde informaram que subiu para 16, o número parcial de crianças mortas no estado, vítimas dos mesmos sintomas: diarreia, febre e vômito. No entanto, apenas 13 vítimas foram confirmadas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

O secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves, está no Acre acompanhando as ações emergenciais de atenção e investigação epidemiológica, em população indígena no município de Santa Rosa do Purus (AC). Na região, profissionais de saúde prestam atendimento, desde 15 de dezembro, e realizam busca ativa de casos de Doença Diarreica Aguda (DDA), que atingiu 70 crianças indígenas neste ano. O grupo é composto por médicos, epidemiologistas, engenheiro, enfermeiros, nutricionistas, farmacêutico, bioquímico e técnicos de saneamento e percorrerá as 46 aldeias que compõe a região.

Plano emergencial

Entre as ações do plano emergencial – articulado pelo Ministério e governo estadual – está à definição de centros de retaguarda que deverão servir de referência para pacientes, encaminhados das aldeias e o deslocamento de equipes de saúde, para fazer o atendimento no próprio local.

Para conter novos casos, as equipes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado do Acre, estão providenciando a reidratação imediata de crianças por meio de soro via oral; distribuição de cerca de 150 filtros de barro, para consumo de água às famílias das aldeias com incidência da doença. Estes filtros serão priorizados, para famílias que contêm crianças com até quatro anos de idade.

Também está sendo promovida a distribuição de hipoclorito às mães, para o tratamento da água; a disponibilização de suplemento alimentar, para combater os casos de desnutrição infantil nas aldeias; aquisição de cestas básicas de alimentação e administração de vitamina “A” para crianças. “A vitamina A é importante porque aumenta a capacidade da criança de resistir a infecções, sobretudo a diarreia”, explica a secretária de Saúde do Estado do Acre, Suely de Souza.

Estados enviam profissionais para cuidarem de comunidades indígenas

Para integrar o projeto ‘Força Nacional do SUS’ do Ministério da Saúde, diversos Estados foram acionados para enviarem ao Acre, profissionais de saúde. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Sergipe, por exemplo, enviou seis profissionais para o Acre. O grupo composto durante epidemias e catástrofes naturais, está no estado do Acre, para cuidar de comunidades indígenas contaminadas pelo Rotavírus.

Sergipe enviou um médico, três enfermeiros e dois técnicos de enfermagem.

Entenda o que é rotavírus

Existem sete sorotipos diferentes de Rotavírus, mas somente três deles infectam o homem e causam gastrenterite aguda. Essa variedade de sorotipos, explica porque a pessoa pode ser infectada mais de uma vez, embora seja possível desenvolver certo grau de proteção cruzada, que torna mais leve a infecção por um tipo diferente de Rotavírus.

A infecção pode ocorrer em qualquer idade. A estimativa é que até os cinco anos todas as crianças terão pelo menos um episódio de infecção e que uma em cada 300 infectadas pode morrer em consequência das complicações; Nos adultos, a infecção costuma ser mais benigna.

O Rotavírus é transmitido por via fecal-oral, pelo contato direto entre as pessoas, por utensílios, brinquedos, água e alimentos contaminados. Medidas de saneamento básico são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.

Sintomas

Em alguns casos, a infecção pode ser assintomática. Quando os sintomas aparecem, os mais importantes são: 1) diarreia aguda, geralmente aquosa, sem sinais de muco e sangue; 2) vômitos; 3) febre e mal-estar; 4) coriza e tosse, às vezes; 5) desidratação, nos quadros graves.

Os quadros leves são autolimitados: a infecção dura alguns dias e regride. Os mais graves estão associados à desidratação e podem ter complicações fatais.

Diagnóstico

O diagnóstico clínico pode ser confirmado por um exame laboratorial específico, para pesquisar a existência do vírus nas fezes do doente. A amostra deve ser coletada nos primeiros dias da infecção.

Tratamento

Não existem medicamentos específicos para combater a infecção por Rotavírus. O fundamental é manter a criança hidratada, repondo constantemente o líquido perdido nos vômitos e nas evacuações. São sinais de desidratação: letargia, irritabilidade, muita sede, diminuição do volume da urina, boca seca, olhos encovados, ausência de lágrimas, perda do turgor da pele.

Os quadros leves podem ser tratados em casa, com soro caseiro, muito líquido e alimentação normal, especialmente se for leite materno, mas sempre respeitando a orientação médica. Os quadros graves exigem internação hospitalar.

Vacina

A vacina contra o Rotavírus é produzida com vírus humano, atenuado e não faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunizações. Segundo estudos realizados, o grau de proteção não é total e depende de que as duas doses, sejam ministradas precocemente. Não há consenso entre os pediatras sobre sua indicação.

Recomendações

* Lave as mãos cuidadosamente e com frequência, especialmente depois de usar o banheiro e de trocar as fraldas das crianças, antes das refeições e quando for preparar os alimentos;

* Lave bem e deixe mergulhados em solução desinfetante frutas e legumes, que vão ser ingeridos crus;

* Use água tratada para beber e no preparo dos alimentos;

* Mantenha sempre bem limpos os utensílios de mesa e os que são usados na cozinha;

* Lembre-se de que o soro caseiro e os produtos equivalentes contêm sais minerais, importantes para reidratar o paciente não encontrados na água pura;

* Procure o médico tão logo a criança apresente episódios de diarreia aguda.

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