Raquel Rolnik*
Agora, o churrasco da “gente diferenciada” será no centro de São Paulo. A provocação está sendo organizada como forma de protesto e acontecerá neste sábado dia 14 contra o tratamento que o Estado está dando para os dependentes químicos que vivem na região conhecida como “cracolândia” entre a Santa Ifigênia e os Campos Elísios.
A violência e o desrespeito, que tem caracterizado a ação da Polícia Militar, fazem parte de um processo de limpeza social e segregação disfarçado por um discurso de combate às drogas, que também oculta o aumento do interesse do setor imobiliário na área . O problema é que a estratégia de “dor e sofrimento” que a polícia tem adotado de nada vai adiantar para resolver a questão dos dependentes químicos em situação de rua, os quais só têm se dispersado pelo centro.
O churrascão deste sábado é uma reação bem humorada e bem organizada para mostrar que nem todos concordam com a mera expulsão dos dependentes da região como meio de solucionar o problema das drogas: um problema de natureza muito mais complexa do que aquilo que o tratamento policial, comprovadamente, pode lidar.
A organização do churrascão pede que levem instrumentos musicais, cartazes, vassouras e sacos de lixo, para a limpeza do lugar, além obviamente da comida e da churrasqueira, quem puder. Acesse a página do facebook do churrascão para mais informações.
Quando: Sábado, 14/01, às 16h
Onde: Rua Helvétia com Dino Bueno, São Paulo
*Urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada
Churrascão da gente diferenciada: versão “cracolândia”