Racismo no Brasil debatido na Universidade do Minho

Professor Marcus Eugénio Lima (foto: ASF)

Por Pedro Lobão

«Racismo e Políticas de Ação Afirmativa no Brasil: questões de cor e de classe», é o título que deu o mote à aula aberta que decorreu no Instituto de Ciências Sociais na Universidade do Minho, em Braga. A organização do debate pertenceu a uma iniciativa conjunta entre o Departamento de Ciências da Comunicação e o projeto de investigação Narrativas Identitárias e Memória Social.

O professor Marcus Eugénio Lima foi o convidado a expor o tema aos presentes. Graduado e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Paraíba, o professor brasileiro estuda e desenvolve pesquisa sobre processos grupais, valores, normas sociais e racismo.

Para o presidente do Instituto de Ciências Sociais, Miguel Sopas Bandeira, esta iniciativa pretende «promover a reflexão sobre as relações raciais no Brasil, com enfoque no debate atual sobre as políticas de ação afirmativa», acrescentando que a aula «foi importante para promover as relações entre os estudantes portugueses e brasileiros que estudam na Universidade, mas também para abordar a questão do racismo tanto no Brasil como em Portugal».

No final do debate, Marcus Eugénio Lima falou a A BOLA sobre o tema que o trouxe ao nosso país:

– O Brasil é o país fora do continente africano que tem a maior população negra do mundo, para além que temos mais de 600 mil indígenas, no entanto, o interesse das ciências sociais brasileiras pelo racismo, um dos principais efeitos colaterais do encontro com o outro diferente, é muito recente.

No Brasil um negro nunca pode ser interpretado como rico, a menos que seja jogador de futebol ou celebridade, já no branco há o estereótipo associado à riqueza. Existe para as pessoas uma clara associação entre a cor e o sucesso, é um racismo elitista.

Racismo no Desporto

Numa questão mais global, o professor considera que, no mundo, o racismo ainda não está completamente ultrapassado:

– Há pessoas obcecadas e racistas em todos os cantos do planeta, não podemos mudar isso. Quem pode atenuar as coisas e dar o exemplo de civilização são os meios de comunicação social, os atores, músicos e desportistas de cada país. No âmbito do desporto, os alegados insultos xenófobos dirigidos por Javi Garcia (Benfica) a Alan (SC Braga) ou o caso Luís Suárez (Liverpool), que foi suspenso por ter chamado preto a Evra (Manchester United), são situações que mancham o bom nome do futebol. Os atletas têm de ter a noção que são seguidos por milhões e devem dar o exemplo a todos, de forma a tentar extinguir o mais depressa possível o racismo.

Fotos de Pedro G. Lima/ASF

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=308030

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