Nota deste Blog: cabe esclarecer a algum/a leitor/a desavisado/a que estes “manifestantes indígenas” realizaram esta marcha exatamente em oposição à grande marcha anteriormente realizada (essa sim com grande sacrifício) pelos povos indígenas de Tipnis, que conseguiram a proibição da construção da estrada prevista para cortar seu território e abrir espaço para a “chegada do progresso”. Esta nova marcha, na qual os manifestantes teriam sido recebidos como “heróis, com canções e fogos de artifício”, segundo a matéria, defende a manutenção do projeto, que teria financiamento do BNDES e apoio integral de empresas e empreiteiras, grande parte das quais brasileiras. Vale ressaltar o tom da matéria, inclusive as condições adversas citadas e o fato de entre eles muitas serem “mulheres grávidas”. Aliás, ela se encerra afirmando que a estrada, entre outras vantagens, “garantiria facilidades aos comerciantes da região”. TP.
Cerca de 800 manifestantes indígenas, de 25 comunidades diferentes do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis), foram recebidos pela população como heróis, com canções e fogos de artifício, ao chegarem na cidade de Cochabamba, Bolívia. Eles iniciaram uma marcha há 11 dias na região para reivindicar a construção de uma estrada no Tipnis, que unirá Villa Tunari, em Cochabamba, com San Ignacio de Moxos, no Beni.
Eles permanecem durante todo o dia de hoje em Cochabamba e retomam seu caminho para La Paz amanhã. Muitos integrantes ficaram esgotados com a caminhada. Eles enfrentaram frio, grandes altitudes e chuva. Entre eles, há muitas grávidas.
Na cidade, os manifestantes recebem alimentos e ajuda médica, além de repor forças para a próxima etapa da jornada que ainda enfrentarão. Organizações sociais de Cochabamba se mobilizam para abastecê-los também com roupas e calçados, ainda que mais de um dos líderes da marcha pede a atenção do Defensor do Povo, Rolando Villena.
“Se ele não se preocupa pelo bem-estar e os direitos dos membros da marcha, exigiremos sua renúncia”, advertiu o dirigente indígena Manuel Mamani.
Ontem, eles realizaram um ato na praça 14 de Setembro onde demonstraram publicamente seu pedido de anulação da Lei Curta 180 do Tipnis, que proíbe a construção de qualquer rota por essa reserva nacional, e pediram a continuidade do projeto viário.
Depois, os marchantes foram recebidos pelo governador de Cochabamba, Edmundo Novillo; o presidente da Assembléia Departamental, Freddy Illanes, e por outras autoridades.
Uma marcha anterior, em outubro, conseguiu a aprovação da Lei Curta 180, que estabelece a intangibilidade do Tipnis e proíbe a continuação da estrada entre Villa Tunari e San Ignacio de Moxos.
Segundo integrantes da nova marcha, a estrada resolveria problemas de saúde, de educação e garantiria facilidades aos comerciantes da região.
Com Prensa Latina
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