Populações quilombolas de Diamantina organizam-se em busca de seus direitos

Após encontro no início do mês, populações quilombolas de Diamantina organizam-se em busca de seus direitos

Realizado no início deste mês pela Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio de Diamantina, o 1º Encontro de Cultura das Comunidades Afrodescendentes: Identidade, Território e Direitos é apresentado pela atual responsável pela pasta, Márcia Betânia, como um momento histórico para a população negra da região.

Foi entre os dias 2 e 4 deste mês que, pela primeira vez, as comunidades de Quartel do Indaiá, São João da Chapada, Mata dos Crioulos e Vargem do Inhaí tiveram a oportunidade de estreitar os laços entre si e também com as diversas instâncias do poder público, que passa, agora, a reconhecê-las como populações quilombolas.

“Ao longo desses três dias, o distrito de São João da Chapada se converteu num importante espaço de diálogo, debate e acesso a informação. Nesse sentido, contamos com a presença de convidados de todas as esferas do poder público, além de líderes de outras comunidades quilombolas brasileiras e representantes de entidades especializadas na pesquisa e no diagnóstico dessas comunidades”, resume Márcia Betânia, que tem acompanhado ativamente todo o processo.

“Além disso, houve espaço para a manifestação de saberes e fazeres, assim como oficinas, apresentações culturais e relatos de parteiras antigas de cada uma das comunidades”, exemplifica.

A partir do encontro, destaca a secretária, foi criado um comitê formado por representantes de cada uma das comunidades, responsável por participar de estudos e proposições que darão origem a conselho, conferências e leis municipais dedicadas à questão da igualdade racial.

“Enquanto comunidades quilombolas, eles são protegidos por uma série de direitos que vão culminar em ações de inclusão social e melhoria da infraestrutura, assim como de acesso à saúde e à educação”, adianta Márcia Betânia.

“Há, além disso, uma importante busca pela recuperação de seus territórios, perdidos ao longo do tempo pela chegada de outros proprietários ou mesmo por ações do Estado. Espera-se que, agora, eles usufruam do seu status prioritário de direito”, completa, para em seguida comentar a situação atual das populações.

“Em linhas gerais, são comunidades que foram historicamente afastadas da cidade e têm, até hoje, uma experiência extremamente ligada a modos tradicionais de vida, espalhadas em casas quase invisíveis no meio da serra”, relata.

E, se tais benefícios prometem transformar, na prática, a vida das populações quilombolas da região, Márcia Betânia chama a atenção para ganhos simbólicos que devem, de igual maneira, contribuir para uma nova etapa das comunidades de Quartel do Indaiá, São João da Chapada, Mata dos Crioulos e Vargem do Inhaí.

“Acima de qualquer coisa, trata-se de um reconhecimento sobre a contribuição histórica que essa população deu à estruturação da cidade de Diamantina, hoje reconhecida como patrimônio da humanidade. Há uma dívida histórica com essas comunidades quilombolas, agora reconhecidas pela Fundação Palmares”, sintetiza.

http://www.cedefes.org.br/?p=afro_detalhe&id_afro=7667

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