Vitor Abdala*
Rio de Janeiro – Após quatro meses de trabalho, um mosaico feito de azulejos desenhados por alunos e funcionários da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, começará a ser exposto no muro. A escola ficou marcada pela chacina de 12 crianças e jovens, cometida por um ex-aluno, em abril deste ano.
O mosaico, que faz parte de um esforço da prefeitura para reformar a escola depois do massacre, terá 34 metros (m) por 1,70m. Segundo a diretora artística do mural, a arquiteta Laura Taves, a ideia foi fazer os alunos pensarem no presente da escola, esquecendo um pouco o passado.
“Foi feita a pergunta para os alunos: o que é a escola? A escola é o presente. O passado existe, ele foi trágico, ninguém vai esquecer, mas a escola é agora. Antes de começar o projeto, quando conversei com os professores, todos concordaram que isso não era para ser um memorial, mas uma renovação”, afirma a arquiteta.
Segundo a arquiteta, os desenhos surpreenderam porque trouxeram muita mensagens positivas, mesmo aqueles que fazem menção à tragédia. Lucas Matheus, de 13 anos, por exemplo, desenhou Jesus Cristo. “Porque eu desenhei Jesus? Porque, aqui na escola, a gente tem trabalhado de mãos dadas, com um ajudando o outro, como fez Jesus”, disse.
Já Thaysa de Paula, também de 13 anos, optou por desenhar um violão. “A música inspira a felicidade e traz a esperança para todos os que sofreram aqui. Ainda não superei a tragédia, porque isso vai ficar marcado em mim para sempre, mas sei que a gente tem que tocar a vida”, afirma.
Com 11 anos de idade, Matheus Gomes desenhou, no azulejo, um ônibus escolar, representando um passeio dos alunos. “Ainda tenho muito medo. Eu durmo de luz acesa, tomo banho com a porta aberta, tenho medo de ficar sozinho. Eu vou para a psicóloga, mas isso não ajuda muito, porque eu fiquei traumatizado”, afirma o estudante, oito meses depois do massacre.
*Repórter da Agência Brasil (Edição: Lílian Beraldo)
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-12-14/alunos-de-escola-onde-ocorreu-massacre-em-realengo-ajudam-montar-mosaico-de-azulejos