Um longo protesto social contra um projeto mineiro na região peruana de Cajamarca entra nesta segunda-feira em uma fase dramática, com o estado de emergência decretado pelo presidente Ollanta Humala.
A decisão anunciada domingo à noite regerá por 60 dias nas províncias de Cajamarca, Celendín, Hualgayoc e Contumazá e implica na tomada de medidas de exceção, como detenções e a proibição de concentrações e marchas.
Em comunicado veiculado pela televisão, Humala disse que o governo mantém “uma abertura total ao diálogo” desde o início do protesto, em 24 de novembro, contra o projeto aurífero Conga, pela possível destruição de fontes de água vitais para a região.
Acrescentou que o premiê, Salomón Lerner, e outros membros do Executivo, bem como representantes da Igreja Católica e instituições diversas esgotaram todos os caminhos, a fim de estabelecer o diálogo, como ponto de partida para resolver o conflito em democracia.
Afirmou que por intransigência de um setor de dirigentes do protesto, não se conseguiu em um diálogo de dez horas acordos mínimos que permitam que retorne a paz social e se restabeleçam os serviços públicos e se discutam aspectos centrais para impulsionar o desenvolvimento da região.
Segundo o presidente, não existem na região as condições para o respeito à vida e a tranquilidade das pessoas e existe perturbação da paz e a ordem interna, pelo que declarou o estado de emergência.
O premiê Lerner indicou que nas dez horas de diálogo de domingo chegou-se a um acordo quanto ao debate do projeto Conga e do desenvolvimento regional, mas o entendimento não se assinou porque os dirigentes sociais não aceitaram levantar o desemprego.
Explicou que seus interlocutores alegaram a necessidade de consultar com suas populações, diante do que a parte oficial deu por concluída a reunião, à espera de poder a retomar “o mais ponto possível” e disse esperar que os dirigentes aceitassem assinar o acordo.
O ministro do Interior, Oscar Valdés, disse que a partir de terça-feira a polícia impedirá o que chamou de desmandos e deterá os dirigentes ou os que realizem os mesmos.
A greve exige a anulação do projeto Conga, um consórcio peruano-estadunidense, por considerar que destruirá vitais fontes de água, o qual foi suspenso na passada terça-feira, sem que o protesto terminasse.
Lerner disse que no diálogo o governo deixou assentado que prioriza o uso da água para o consumo humano, a agricultura e a pecuária, e depois para a mineração.
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