Da Página do MST
Os 400 trabalhadores Sem Terra, que ocupam área da União invadida pela Cutrale desde segunda-feira (22/8), começaram a sair ao meio-dia de ontem da fazenda, que fica no município de Iaras, no interior de São Paulo.
Os Sem Terra fizeram uma marcha no centro do município de Bauru e participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal, às 14h, sobre a grilagem de terras e a necessidade da realização da Reforma Agrária na região.
“A ocupação da área cumpriu o objetivo de pautar o debate sobre o uso de terras públicas para fins privados e denunciar os crimes cometidos pela Cutrale “, afirma Judite Santos, da Coordenação Estadual do MST.
“Conseguimos denunciar também que o suco de laranja da Cutrale é vendido em uma caixinha bonita para os ricos, mas é produzido com base na utilização exagerada de agrotóxicos”, pontua.
Participaram da audiência um representante da superintendência nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o deputado estadual Simão Pedro (PT-SP), o bispo da Diocese de Presidente Prudente Dom José de Aquino, o integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Jorge Soriano Moura e dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Conlutas.
O ato de encerramento da jornada de lutas pela retomada das terras griladas aconteceu às 16h, em frente à Câmara Municipal de Bauru, com a participação de diversas entidades da sociedade civil que apóiam a retomada das terras públicas usurpadas pela Cutrale.
“A luta pela retomada das terras públicas vai continuar até que todas elas se transformem em assentamentos para trabalhadores rurais sem terra”, projeta Judite.
Segundo ela, as próximas ações do Movimento serão definidas a partir dos elementos apresentados na audiência pública, especialmente o posicionamento do Incra sobre as perspectivas da retomada da área e criação de assentamentos.
Nos cinco dias de ocupação, os Sem Terra construíram uma relação cordial com os caseiros que moram na fazenda. “Fizemos uma boa relação com os caseiros e doamos alimentos produzidos nas áreas da Reforma Agrária”, destaca Judite.
No período, o protesto paralisou a produção da Cutrale e liberou os trabalhadores das suas atividades, assim como acontece nas greves por aumento de salários e melhores condições de vida em qualquer fábrica.
Campanha
O MST promove campanha pela retomada das áreas da Cutrale e lança três documentos de abaixo-assinado para ser enviado às autoridades envolvidas no caso por e-mail.
O Movimento luta pela retomada das terras griladas no município de Iaras, na região de Bauru, no interior de São Paulo, desde 1995. Dois anos atrás, foi realizado um protesto na área usurpada pela empresa Cutrale.
A empresa do ramo do suco de laranja industrial comprou a fazenda de um grileiro e instalou uma plantação de laranjas. Em negociação com o Incra, admitiu que a origem da fazenda é irregular e prometeu repassar uma outra área para o assentamento das famílias. No entanto, rompeu o acordo.
Nesta semana, famílias de trabalhadores Sem Terra voltaram a ocupar a área para denunciar a paralisia da Reforma Agrária e pressionar a Cutrale, o governo federal e o Poder Judiciário para a retomada da área.
O Incra move uma ação na Justiça federal contra a Cutrale e pede a devolução da área. No entanto, a Justiça não é tão célere para determinar a retomada de uma fazenda sob controle de uma grande empresa quanto para dar ordem de despejo a trabalhadores Sem Terra. Por isso, a ação do Incra está engavetada.
Faça o download de cada um dos abaixo-assinado e envie para o endereço indicado.
Ao presidente do Tribunal de Justiça Federal de São Paulo
Ao Ministério Público Estadual
Á direção da Cetesb
http://www.mst.org.br/MST-desocupa-terras-da-Uniao-invadidas-pela-Cutrale-mas-continuara-a-luta