Governo afirma ser impossível educação gratuita para todos os chilenos

Camila Maciel, Jornalista da Adital

Em resposta a uma reivindicação fundamental dos estudantes chilenos, em protesto há três meses, o ministro de Educação, Felipe Bulnes, declarou, na última sexta-feira (19), que não pode haver educação superior gratuita para todos no país. Para Bulnes, os setores mais ricos devem pagar pela educação. O governo propõe 60% de educação superior gratuita com um sistema combinado de bolsas e empréstimos, similar ao que existe atualmente, o qual é rechaçado pelos estudantes.

A proposta dos estudantes, por sua vez, prevê a garantia de 70% do ensino superior gratuito para a população vulnerável. O “Acordo Social pela Educação”, um documento inicial que sintetiza as demandas dos atores sociais mobilizados pela educação, expressa a necessidade de “recuperar a educação como um direito social e humano universal (…), e que seja estruturado em um novo Sistema de Educação organizado e financiado pelo Estado em todos os seus níveis (…)”.

Enquanto Bulnes anuncia a apresentação de um projeto de lei com objetivo de baixar a taxa de juros, os estudantes lutam nas ruas por um sistema educativo sem possibilidade de lucro. Atualmente, as universidades são pagas, inclusive as públicas. O lucro foi proibido na ditadura, durante a década de 1970, mas os donos de universidades encontraram brechas na legislação e lucram bastante.

No ensino secundário, somente 40% dos estudantes estão em colégios públicos gratuitos. Os universitários de menos recursos, por sua vez, pedem empréstimos para custear seus estudos. Os estudantes de universidades públicas recorrem aos créditos internos e os de universidades privadas, a saída é buscar créditos com bancos. O resultado é um total de 40% de estudantes endividados ao final dos seus estudos.

Paralisação Nacional

Diante do clima de mobilização social no Chile criado pelos protestos, passeatas e intervenções dos estudantes, a Central Unitária dos Trabalhadores Chilenos (CUT) convoca para esta semana a paralisação nacional de 24 e 25 de agosto. O objetivo comum das organizações participantes é conquistar uma democracia social para o país. “Chamamos a paralisar a atividade normal de todas as cidades do país”, convoca o texto de instruções gerais para a paralisação.

Mobilizações também em Honduras

Em protesto contra a Lei Geral de Educação, proposta pelo presidente de Honduras, Porfirio Lobo Sosa, os estudantes hondurenhos também seguem mobilizados desde a última semana. A ocupação das ruas gerou forte repressão por parte da Polícia Preventiva e pelos Comandos Cobras. Além disso, os estudantes mantêm as ocupações de institutos educacionais.

O presidente do Congresso Nacional, onde se encontra a proposta de Lei, propôs uma mesa de diálogo. Juan Hernandéz comprometeu-se a começar do zero a construção de uma Lei Geral de Educação a partir desses debates. O projeto atual descentraliza o sistema educativo e reforma os planos de estudos. Para os estudantes, as mudanças resultam na privatização do ensino em Honduras.

Com informações da imprensa local, Caros Amigos e Fech.

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=59497

 

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