Alessandra Mello e Marcelo da Fonseca
Araçuaí, Itaobim, Ponto dos Volantes, Teófilo Otoni e Virgem da Lapa – Em duas das regiões mais pobres do país, o Vale do Mucuri e o Vale do Jequitinhonha, o negócio da morte é próspero. Uma empresa cobra dos mais pobres – de preferência analfabetos, mais velhos e sem qualquer tipo de informação – valores que variam entre R$ 10 e R$ 30, dependendo do município, a título de plano funerário. Não há contrato, apenas a confiança do miserável de que, ao morrer, vai receber um buraco de sete palmos, um caixão e em alguns casos uma galinha (viva), que será entregue à família como “merenda” para o velório.
A única garantia dos adeptos desse plano, disseminado em toda a zona rural da região, carente de água e de emprego, é um carnezinho azul cor do céu com nuvens brancas. Lá, aparece o nome do beneficiário e o da Funerária Teófilo Otoni, que também responde pelo nome fantasia de Serviços Sociais Teófilo Otoni. É a maior prestadora de serviços dessa natureza e já atua em 27 municípios do estado e dois no interior da Bahia. A captação de clientes é feita, muitas vezes, diretamente nos hospitais públicos. (mais…)