A assentada Laísa Santos Sampaio – irmã da ambientalista Maria do Espírito Santo, assassinada junto ao marido, José Cláudio Ribeiro, no dia 24 de maio, na zona rural do município de Nova Ipixuna, no sudeste paraense – procurou a Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá na tarde de ontem para relatar que homens armados fizeram vários disparos contra a porta de sua casa durante a madrugada.
Laísa Santos mora no assentamento Praialta-Piranheira, na casa ao lado em que vivia o casal de ambientalistas assassinados. Laísa contou que não estava em casa na hora do atentado e que os tiros atingiram o cachorro da família.
“Eu estava em Belém e fui informada por telefone. Na casa, só estava o meu marido que, ao ouvir os tiros, não abriu a porta”, disse Laísa.
O delegado Silvio Maués Batista, diretor das Delegacias do Interior, informou que enviou uma equipe de policiais ao assentamento para apurar os fatos e ouvir testemunhas.
Irmã de José Cláudio, Claudelice Silva dos Santos declarou ao site de notícias G1 que a família já tinha percebido pegadas e sinais de pesca predatória na área e que, na quarta-feira, perceberam a presença de pessoas nas matas próximas à casa da família. O cachorro deu o alerta latindo alto.
“O marido dela (Laísa) ligou falando que tinham atirado e que tinham acertado o cachorro, mas não deu tempo de saber mais detalhes. É preciso que as autoridades tomem providências para que a situação no assentamento não caia no esquecimento e mais pessoas morram lá”, disse Claudelice.
Antes de morrerem, Maria do Espírito Santo e José Cláudio tinham denunciado diversas vezes as ameaças de morte. A área onde o casal vivia, o assentamento Praialta/Piranheira, esteve envolvido em disputas pela terra entre assentados, colonos e madeireiros. Os dois eram reconhecidos como líderes na comunidade e estimulavam os assentados a permanecer nas terras, assim como denunciavam constantemente as retiradas ilegais de madeira feitas na área.
Três pessoas tiveram a prisão decretada pelo assassinato de José Cláudio e Maria do Espírito Santo – o colono José Rodrigues Moreira, o irmão dele, Lindonjonson Silva da Rocha, e Alberto Lopes do Nascimento. O primeiro teria sido o mandante do crime, por conta de uma disputa de terra, e os outros dois, os executores. Todos continuam foragidos.
http://www.diarioonline.com.br/noticia-162599-familiares-de-ambientalista-sofrem-atentado.html