Os índios Guarani-Kaiowá, do sul de Mato Grosso do Sul, são mais conhecidos na mídia brasileira pela crise humanitária por que passam atualmente, em função da escassez de terras. O documentário Mbaraká – A Palavra que Age mostra uma faceta menos conhecida desse grupo, a riqueza de seus cantos xamânicos, uma tradição zelosamente mantida pelos rezadores, os nhanderu e nhandesy (literalmente, “nosso pai” e “nossa mãe”), apesar de toda a miséria e a violência na região.
O filme traz entrevistas com os xamãs guarani-kaiowa e mostra cenas inéditas de suas cerimônias, além da participação desses personagens na luta pela recuperação das terras tradicionais do grupo. Ao longo do século XX, foram entregues progressivamente a colonos brancos vindos de várias partes do país, pelos governos federal e estadual.
O movimento político Guarani-Kaiowá, conhecido como Aty Guasu (grande reunião, em guarani), foi vencedor, em 2010, do Prêmio Nacional de Direitos Humanos. Nos últimos anos, em função da luta pela demarcação de suas terras tradicionais, os indígenas têm sido atacados em diversos episódios violentos. Enquanto esperam até que o governo federal regularize suas terras, os cerca de 45 mil Guarani-Kaiowá sobrevivem em aproximadamente 42 mil hectares de terra, enfrentando altos índices de violência, suicídios, desnutrição, alcoolismo e condições degradantes de trabalho – sem opção de praticar sua própria agricultura ou outros meios tradicionais de subsistência, os índios têm de buscar as usinas de cana-de-açúcar e fazendas da região.
Autores: Edgar Teodoro da Cunha e Gianni Puzzo. Direção: Edgar Teodoro da Cunha. 2010. 25min.
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