Sete anos de ocupação e luta: 1º de Agosto

Por Júlio Carignano, do Sítio Coletivo

Após sete anos de ocupação, completados nesta segunda-feira, os acampados do 1º de Agosto seguem a espera de uma legalização da área, que já foi ofertada pelo proprietário ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para fins de reforma agrária.

A reforma agrária – necessidade latente do nosso País – não deve ser pensada somente na ótica da luta pela terra, ela ultrapassa essa dimensão. A terra é o principal objetivo, porém não é o único. Somente a conquista dela não levará a uma garantia de melhoria da vida do assentado, condições de vida digna ao homem do campo.

Organizado em 2004, por meio de uma ocupação do MST numa das fazendas do Complexo Cajati, em Cascavel, no Oeste do Paraná, o Acampamento 1º de Agosto se organiza dentro dessa lógica.

Atualmente vivem na área 90 famílias, que realizam a produção baseada nas técnicas da agroecologia, alimentos saudáveis sem o uso de agrotóxicos.

Além de espaço de luta, os acampamentos também se constituem em espaços de formação, pois além da conquista da terra, o movimento prioriza a democratização do conhecimento, por meio do acesso a educação. Diante disso, os acampados do 1º de Agosto se orgulham da Escola Itinerante Zumbi dos Palmares.

Como já diz o próprio nome, as escolas itinerantes do MST “caminham com a comunidade”. No 1º de Agosto são 130 educandos, sendo 100 alunos com idade até 17 anos e 30 do EJA (Educação para Jovens e Adultos).

Apesar de reconhecidas pelo Estado, as escolas trabalham com seu próprio projeto pedagógico, por meio dos ciclos de formação humana. Diferente da escola formal capitalista, que trabalha a individualidade de seus estudantes, as escolas itinerantes contrariam a lógica escolar excludente da seriação, pautando a organização do trabalho pedagógico numa perspectiva emancipatória.

O método é inspirado no cotidiano da terra e do campo, na pedagogia do movimento e na pedagogia libertadora de Paulo Freire. Os educadores e educadoras são do próprio acampamento ou cedidos pelo Estado, acompanhando de perto a vida das crianças e das famílias Sem Terra.

No Paraná existem 11 Escolas Itinerantes em funcionamento, com cerca de 2,5 mil educandos e aproximadamente 200 educadores. São escolas públicas que oferecem educação infantil, ensino fundamental e médio, funcionando em parceria com a Secretaria de Estado da Educação.

Veja o ensaio fotográfico do Acampamento 1º de Agosto, produzido pelo professor e fotógrafo Paulo Humberto Porto Borges, no Sítio Coletivo.

http://www.mst.org.br/Acampamento-1-de-Agosto-sete-anos-de-ocupacao