Esta frase já foi escrita e reescrita ao longo da história. Ela traz duas tendências conflitantes: por um lado os limites da Terra tendem a interromper o crescimento econômico, mas novas tecnologia tendem a expandir os limites da presença do ser humano no Planeta.
De fato, a inventividade humana tem prolongado constantemente os limites naturais do planeta. A humanidade se expandiu quando passou da coleta extrativista para a economia agrícola e para a domesticação de animais. Depois deu outro grande salto quando iniciou a Revolução Industrial e expandiu a tecnologia e o domínio de novas fontes de energia. Já tivemos a primeira, a segunda e a terceira Revolução Industrial, com grandes avanços na ciência e tecnologia.
A população passou de cerca de 1 bilhão de habitantes em 1800 para 7 bilhões em 2011. Segundo a projeção média da divisão de população da ONU, poderemos chegar a 10 bilhões em 2100. Com novas tecnologias e a produção de mais alimentos poderíamos ter uma população vivendo mais tempo e com melhores condições de vida durante o século XXI. Ou seja, os limites da Terra não são fixos e, em tese, podem ser expandidos.
Mas até quando?
Algumas pessoas consideram que a população mundial pode atingir 11, 12 ou 15 bilhões de habitantes, pois o ser humano sempre encontra formas de expandir suas fronteiras e explorar ao máximo os recursos do Planeta. Segundo projeções de consultorias internacionais, o PIB mundial, em valores constantes, deve passar de US$ 70 trilhões em 2009 para US$ 280 trilhões em 2050 e pode chegar a mais de 1 (um) quatrilhão de dólares em 2100. O céu é o limite?
Bem, existem estudos que mostram que o grande crescimento populacional e econômico do século XX só foi possível devido à eficiência energética do petróleo e os baixos preços que predominaram até recentemente. Segundo Ricardo Abramovay, no artigo “Desafios da economia verde” (FSP, 27/06/2011): “Nos anos de 1940, cada unidade de energia investida para produzir petróleo rendia o equivalente a 110 unidades de energia. Ao longo do século 20, esses retornos foram declinando. A estimativa internacional para exploração em plataformas de alto mar, como o pré-sal, hoje, é de um para dez (…) O crescimento demográfico e econômico do século 20 teria sido impossível sem esse escravo barato”.
Portanto, o combustível que possibilitou o grande crescimento populacional e econômico está perdendo eficácia. Energia cara significa preço de alimentos caros. Além disto, o verdadeiro custo do petróleo (assim como do carvão vegetal e mineral) será cobrado no século XXI, pelo efeito do aquecimento global. Ademais, outras pessoas questionam: vale a pena todo o sucesso e progresso alcançado no século XX? Para que toda esta compulsão pelo crescimento? Todo este desenvolvimento não está sendo feito às custas da depauperização do Planeta?
Diversos estudos mostram que o maior problema contemporâneo é que a espécie humana tem crescido às custas de outras espécies terrestres e da riqueza natural acumulada durante milhões de anos (como no caso das energias fósseis). Criamos cada vez mais animais para satisfazer o apetite das pessoas. Cultivamos cada vez mais plantas para alimentar estes animais domesticados, inclusive o “gorila domesticado”, como Henry Ford se referia ao ser humano. As áreas virgens do Planeta foram de(s)floradas. A pegada ecológica da humanidade não para de agredir o meio ambiente e reduzir as fontes de vida e a biodiversidade. Será que o homo sapiens está utilizando corretamente a sua inteligência?
Existem muitos estudiosos pensando alternativas para o atual modelo econômico hegemônico. Há uma corrente do pensamento que prega o “Decrescimento” e combate a obsessão humana pelo crescimento da população e da economia. A humaninade sempre se confronta com pelo menos duas alternativas: continuar crescendo ou optar por algum tipo de “sociedade alternativa”. Qual será o nosso futuro?
José Eustáquio Diniz Alves, articulista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. As opiniões deste artigo são do autor e não refletem necessariamente aquelas da instituição. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br
EcoDebate, 13/07/2011
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