MMX confirma R$ 4 bi na Serra Azul / Empresa multada por infração ambiental

Recursos viabilizarão a expansão da produção de 8,7 milhões de toneladas para 24 milhões por ano.

MARA BIANCHETTI- Diário do Comércio

A MMX Mineração e Metálicos S/A, controlada pelo grupo EBX, do empresário mineiro Eike Batista, e o governo do Estado, por meio do governador Antonio Anastasia e da secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, assinaram ontem, no Palácio da Liberdade, o protocolo de intenções de investimentos da empresa que somam R$ 4 bilhões em Minas Gerais até 2014. O aporte financiará a expansão da produção do complexo de Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero, que passará das atuais 8,7 milhões de toneladas para 24 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

Do total a ser investido, R$ 400 milhões serão liberados ainda neste ano, R$ 1,2 bilhão no próximo exercício, R$ 1,8 bilhão em 2013 e os R$ 600 finais em 2014. Além disso, 25% dos recursos serão do caixa da própria empresa e 75% captados. A mineradora contratou a assessoria financeira dos bancos Itaú e West LB para operações de crédito no valor de U$ 1,8 bilhão junto a bancos de desenvolvimento e outros agentes financeiros de fomento nacionais e internacionais, agências de crédito para exportação e bancos nacionais e internacionais. O aporte de parte substancial dos recursos para o projeto está em fase final de análise e a expectativa é que de seja aprovado nos próximos 90 dias.

Os investimentos já haviam sido anunciados em dezembro do ano passado pelo chief executive officer (CEO) da mineradora, Roger Downey. Porém, na ocasião, foram divulgados aportes da ordem de R$ 3,5 bilhões, montante R$ 500 milhões, ou 14%, abaixo do valor confirmado. De acordo com Downey, as inversões foram reajustadas em função de marcação a mercado de preços de máquinas, equipamentos e serviços, bem como a ajustes realizados na conclusão do projeto de engenharia básica e já contempla perspectiva de futuros aumentos de capacidade.

“O último orçamento havia sido feito em novembro do ano passado, por isso foi preciso remarcamos os preços dos produtos e serviços para o cenário atual. Além disso, os R$ 4 bilhões contemplam também uma produção maior. Estamos captando mais dinheiro para já deslumbrar um aumento de produção no complexo de Serra Azul”, destacou.

Os recursos serão aplicados na construção de uma nova planta de beneficiamento, com capacidade para produzir 24 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, que substituirá a unidade em operação. O aporte também contempla a implantação de uma correia transportadora com 10 quilômetros de extensão, ligando a mina ao ramal da MRS Logística, onde a MMX também vai instalar um terminal ferroviário.

Empregos – A previsão é de que a expansão da unidade gere 5.579 empregos diretos e 13.780 indiretos durante a execução das obras. Após a conclusão, durante toda a operação do empreendimento serão criados outros 600 postos de trabalho diretos e permanentes pela MMX, os quais se somarão ao efetivo permanente de mais de 600 trabalhadores.

Por sua vez, o presidente do grupo EBX, Eike Batista, afirmou que, mais do que prospectar novos ativos na região, a mineradora se preocupa agora em aproveitar a infraestrutura logística própria da empresa para novas parcerias, aos moldes da que foi assinada em 2010 com a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas) para operações conjuntas na Mina Pau de Vinho da siderúrgica e envolvendo o Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ).

“Temos recursos suficientes para cumprir as metas previstas e, essencialmente, o que é sempre mais difícil nesses projetos é montar o sistema inteiro. Assim, precisamos aproveitar as estruturas que possuímos disponíveis, de forma que os custos sejam bons para nós e também para os parceiros”, disse.

Ainda conforme Batista, o mesmo raciocínio deverá ser seguido em relação à exploração no Norte de Minas, na chamada nova fronteira minerária do Estado. “Iremos disponibilizar a estrutura do Porto Sudeste e do Superporto Açu, em São João da Barra (RJ), para oferecer a todas as mineradoras interessadas na exploração da região a possibilidade de escoar o minério por meio de nossa logística. Desta forma, as empresas não vão precisar fazer investimentos em escoamento, vão pagar por tonelada embarcada”, detalhou.

Já o governador Antonio Anastasia comemorou a confirmação dos aportes, destacando que o Estado vive um momento bastante positivo no setor mineral e deve aproveitar a oportunidade para gerar empregos e oportunidades, sem deixar de lado as questões ambientais e o desafio de agregar mais valor aos produtos minerais.

Segundo ele, é preciso saber aproveitar a onda positiva, porque os aportes criam empregos e geram também infraestrutura e logística, esta última representando o apoio não só à mineração, como a outras atividades econômicas, tanto portuárias como ferroviárias. “Minas já se orgulha de ter toda a cadeia produtiva, da produção do minério à produção de automóveis. E vamos continuar atraindo para o Estado empresas com esse perfil econômico”, ressaltou.

Além de investimentos na unidade de Serra Azul, a MMX prevê inversões de mais de R$ 1,5 bilhão na implantação da unidade Bom Sucesso, no município de Bom Sucesso, no Centro-Oeste do Estado. A implantação dessa unidade está em fase de licenciamento ambiental e também aguarda emissão de licença prévia para o início das obras.

Publicada em 13-07-2011

 

Empresa multada por infração ambiental

RAFAEL TOMAZ – Diário do Comércio

A MMX Mineração e Metálicos S/A, empresa do grupo EBX, foi multada pelo Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) por irregularidades na área denominada Fazenda dos Quéias, na região de Serra Azul. A operação da mineradora na jazida foi motivo de denúncias feitas pela Emicon Mineração e Terraplenagem Ltda em maio último, o que resultou na fiscalização por parte dos órgãos ambientais.

Já o risco de rompimento de barragens de rejeitos de minério de ferro, que poderia impactar o Sistema Rio Manso da Copasa, foi descartado após a fiscalização na área, conforme informou ontem o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães.

Conforme Magalhães, entre as irregularidades que levaram aos autos de infração lavrados pelos órgãos ambientais mineiros está a captação de água do córrego Quéias. Além disso, também foi constatado o alteamento irregular de uma das barragens de rejeito.

O secretário preferiu não revelar o valor da multa aplicada à MMX. Segundo ele, a companhia poderá recorrer. Apesar das irregularidades, Magalhães afirmou que não há problemas considerados graves ao meio ambiente e que podem comprometer a atividade minerária na área. Com os autos de infração, a Semad espera que a companhia do grupo EBX regularize a situação.

Em relação ao risco de rompimento da barragem, foi apresentado um estudo feito por especialista independente. O documento garantiu a estabilidade do dique de contenção de rejeitos da mineração.

A fiscalização realizada por técnico do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) também constatou a degradação do bioma na região ocorrida durante a exploração de minério de ferro por parte da Emicon. Segundo ele, a recuperação já está prevista em acordo judicial em que a empresa responsável terá que dar uma caução de R$ 24 milhões.

Procurada pela reportagem, a MMX informou, através de nota, que não tem conhecimento do resultado das fiscalizações e se manifestará somente após formalmente notificada pelos órgãos responsáveis.

Denúncia – Em maio, a Emicon iniciou uma série de denúncias contra a MMX em virtude da degradação ambiental na região de Serra Azul. O problema, segundo a denúncia, teria sido provocado durante a retirada de finos de minério na área da própria mineradora pela MMX.

A operação está prevista em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela Emicon em 2007 junto ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), após ação civil pública movida em virtude dos danos ambientais causados pelas atividades da Emicon, os quais a empresa assumiu a responsabilidade pelo passivo ambiental. Na ocasião, a AVG Mineração (adquirida pela MMX) foi autorizada a retirar estes finos para que a comercialização do insumo garantisse os recursos para a recuperação ambiental da área.

A Emicon está impedida de extrair minério na jazida há aproximadamente 10 anos, após ação civil pública instaurada em virtude de impactos ambientais causados pela atividade minerária na Fazenda dos Quéias. Segundo denúncias da empresa, a situação atual está pior em relação à verificada no período da paralisação das atividades.

Fonte: Diário do Comércio – 13/07/22011

Enviada por Ricardo Álvares.

Comments (1)

  1. Excelente o acompanhamento. Parabéns Ricardo. Recentemente requeri audiência pública para tratarmos dos problemas aqui em Brumadinho. O Governo do Estado esteve presente, e a Emicom. A empresa MMX não compareceu. Continuo acompanhando e solicitarei o relatório da fiscalização do Governo do Estado.

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