O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, fica no Pará durante o Dia Nacional de Mobilização organizado pela central para esta quarta-feira (6). Ele deve participar de ato junto da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O motivo da escolha são os casos de violência no campo, registrados nos últimos dois meses, especialmente na região Norte do país. A reportagem é de Leticia Cruz e publicada pela Rede Brasil Atual, 05-07-2011.
O dirigente afirmou que sua ida tem o objetivo de cobrar mais fiscalização das autoridades regionais. “O ato vem em resistência e denúncia aos assassinatos no Pará. Eu vou sair um pouco desse eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde normalmente a gente fica quando faz mobilizações das centrais e outros movimentos sociais”, disse. “Vamos nos posicionar contra as mortes de líderes sindicais, do campo e de pessoas que na verdade estão lutando contra o desmatamento ilegal da floresta, a exploração de madeira, essa situação que ainda persiste em diversas regiões do país.”
Artur revelou, ainda, que a CUT irá intensificar as campanhas de cobrança das autoridades para que se garanta um processo de investigação ágil da violência no campo, levado ao âmbito federal. “Não dá mais pra ver mortes ocorrendo no Pará, no Maranhão, no Ceará, na Bahia e outros estados sem que haja a participação efetiva da Polícia Federal (na apuração dos responsáveis)”, afirmou.
Bandeiras
A mobilização terá, entre outras frentes, a defesa do investimento em educação, exigindo a aprovação do Plano Nacional de Educação e a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a melhoria no setor. Estão incluídas ainda a agenda do trabalho decente e a luta pela mudança da estrutura sindical (segundo a CUT, para fortalecer sindicatos representativos e estabelecer o contrato coletivo de trabalho) e a necessidade de priorizar a agricultura familiar e a reforma agrária.
“O país precisa ter uma política que coloque comida mais barata no prato do brasileiro, com uma mudança em que se estabeleça um conjunto de políticas para reduzir os preços dos alimentos e, ao mesmo tempo, aumentar a produção”, pontuou.
“Nós temos muito a comemorar quando analisamos que o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) saiu dos R$ 2 bilhões na época do Fernando Henrique Cardoso para R$ 16 bilhões na última safra negociada pelo governo federal com as entidades do campo. No entanto, continuamos tendo R$ 16 bilhões da agricultura familiar ante R$ 80 bilhões para o agronegócio”, alertou.
O dirigente também mencionou o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 438, que amplia penas a empregadores flagrados usando regimes de contratação similares ao trabalho escravo, e a atualização do índice de produtividade e a destinação de mais recursos para o campo.
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