“Isto está se transformando, de uma das piores crises humanitárias, em uma tragédia de proporções inimagináveis”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres
A seca que atinge o nordeste africano, na região do Djibouti, Etiópia, Quênia, Somália, Uganda e Eritreia, fez a Organização das Nações Unidas (ONU) emitir um alerta humanitário nesta terça-feira (5). O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) realizou um levantamento sobre as condições de vida das crianças somalis e descobriu que 50% das que chegam aos países vizinhos fugindo da seca estão gravemente desnutridas.
“Saber que crianças estão morrendo durante a jornada para a segurança parte nossos corações”, disse o Alto Comissário António Guterres, que deverá visitar a região no final da semana. “Isto está se transformando, de uma das piores crises humanitárias, em uma tragédia de proporções inimagináveis.”
A violência na região, causada pela falta d’água e consequente falta de alimentos e produtos básicos, também é motivo de preocupação para a ONU. Ao fugir de saqueadores e estupradores, muitas mães estão submetendo seus filhos e dias de viagens em péssimas condições. A organização já estima que 750 mil somalis tenham fugido de seu país, mas as crianças acabam morrendo pelo caminho por falta de alimentos e água.
“As necessidades são urgentes e massivas”, disse a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, a repórteres em Genebra (Suíça). “Diante desta situação urgente, o ACNUR pede não só aos governos, mas também aos doadores individuais e ao setor privado que apoiem imediatamente nossas operações para salvar vidas na Etiópia e no Quênia”, afirmou.
Cerca de 1.000 toneladas de itens de ajuda devem ser enviadas ao país ainda nesta terça, mas o ACNUR prevê estender a ajuda pelo menos até o final da semana. No Quênia e Etiópia, principais destinos dos somalis, estão sendo levantados vários acampamentos. Só no Quênia, estima-se que cheguem 1.400 cidadãos da Somália por dia. O país, porém, vive problema semelhante por causa da seca, e não tem estrutura para ajudar a todos.
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