Nota de Repúdio da ANPUH (e algumas importantes informações complementares)

A ANPUH postou a Nota de Repúdio que transcrevemos abaixo como comentário a duas matérias postadas neste Blog. Acontece que o caso em questão continua a ter desdobramentos preocupantes. O tema central da Nota – a situação de Helder Santos – foi de certa forma solucionado, enquanto estudante, com sua transferência para a Universidade de Feira de Santana, Bahia, embora tenham ficado pendentes, claro, as questões referentes ao crime de racismo, às ameaças e aos seus direitos cidadãos desrespeitados. Por outro lado, amigos do estudante e pessoas que o ajudaram estão sendo ameaçadas de diferentes formas por componentes da Brigada Militar, chegando, em pelo menos outro caso, a serem obrigadas a deixar Jaguarão e buscar abrigo em outros locais. Segundo denúncias enviadas também como comentários, entre as pessoas ameaçadas de morte estaria, inclusive, a Diretora da Unipampa, que ajudou na transferência de Helder, considerando o perigo de ele continuar na cidade.

A troca de mensagens relatando a maioria desse fatos pode ser lida na sessão de comentários, ao pé da notícia Promotor denuncia quatro PMs por agressão e racismo contra estudante em Jaguarão. Como diz a Nota da ANPUH, é urgente que o Governo do Rio Grande do Sul tome providências a respeito do que aconteceu com Helder. E agora, mais que isso, também quanto aos desdobramentos dessa situação absurda e vergonhosa. TP.

“A ANPUH – Associação Nacional de História vem tornar público o seu repúdio e sua indignação em relação aos episódios lamentáveis ocorridos com o estudante do curso de História da Universidade Federal dos Pampas (UNIPAMPA), campus de Jaguarão, Helder Santos, vítima de preconceito, agressão e ameaças de conteúdo racista vindas de membros da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, atuantes naquela cidade.

Solicitamos providências por parte do governo do Estado do Rio Grande do Sul e do comando da Brigada Militar, no sentido de serem identificados e punidos os autores das referidas agressões e ameaças.

Solicitamos ainda que tanto o governo gaúcho, quanto a direção da Universidade envidem esforços no sentido de garantir o retorno do aluno a suas atividades acadêmicas, evitando que ele perca assim seu curso e que os racistas terminem por conseguir o que almejavam, ou seja, afastá-lo da cidade e do Estado, prejudicando um brasileiro vindo das camadas populares ao impedi-lo de concluir um curso superior. Este episódio simboliza e condensa os preconceitos de dados setores da sociedade brasileira que parecem não estar satisfeitos e não verem com bons olhos o atual processo de ascensão social daqueles setores classicamente alijados e discriminados no país: os pobres, os negros e os nordestinos.

O preconceito e o ódio não podem sair vencedores nesse processo, eles têm que ser derrotados com a colaboração de todas as autoridades e todos aqueles responsáveis por coibirem tais atitudes inaceitáveis. Esperamos providencias, no mesmo instante em que vimos a público nos colocar contra atitudes com as quais não se pode ter tolerância.

Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Presidente da ANPUH”

 

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