Estudo capturou mais de 38 mil interações relacionadas a marcas, empresas, personalidades e indivíduos comuns atribuídas a palavras que demonstram o desrespeito praticado por usuários das redes.
No período de 2 a 6 de abril, a MITI Inteligência realizou um estudo inédito para avaliar como a internet se tornou palco de excessos e intolerância na comunicação. No período de cinco dias, foram capturadas mais de 38 mil interações contendo palavras de baixo calão relacionadas a empresas, marcas, personalidade e pessoas comuns, atribuindo inclusive nomes e referências.
“Pessoas comuns abrem seus perfis nos canais de relacionamento, criam identidades virtuais e expõem opiniões e experiências de forma aberta e muitas vezes intempestiva. Os comentários na rede estão cada vez mais inflamados e os usuários não se intimidam ao se referir a empresas, personalidades e até pessoas de seu relacionamento utilizando os mais diversos termos pejorativos”, comenta Elizangela Grigoletti, gerente de inteligência e marketing da MITI Inteligência.
Nesse cenário, fica cada vez mais importante a discussão sobre quais são os limites entre a liberdade de expressão de um indivíduo e o direito dos outros de serem expostos na rede. Por conta da facilidade de opinar, os casos de difamação e bullying virtual se tornam cada vez mais frequentes. Hoje no Brasil existem pelo menos onze delegacias especializadas em crimes virtuais, que registram dados crescentes de denúncias e reclamações, abrindo discussão para uma outra preocupação – o reflexo destes crimes virtuais nos ambientes reais.
Tolerância zero
O preconceito e outras formas de discriminação também se tornaram assunto entre os usuários. O vídeo de Casey Heyner divulgado na web, gerou repercussão sobre esse tipo de violência – o garoto que sofria bullying revidou e agrediu violentamente o colega de escola. Foram capturadas mais de sete mil interações sobre o tema no estudo, tanto de críticas à atitude do garoto quanto de apoio, justamente pela identificação de vários usuários com Casey pelas humilhações sofridas.
Outro assunto que gerou discussão sobre intolerância e preconceito foi o caso do deputado Jair Bolsonaro, que deu declarações polêmicas sobre homossexualismo e racismo ao programa CQC da TV Band. Somente sobre o caso, houve mais de 12 mil posts e outras 12 mil interações envolvendo os termos preconceito, racismo e intolerância.
“É um grande avanço social e tecnológico ter um ambiente onde se pode demonstrar as opiniões abertamente, mas é fundamental agir com responsabilidade e equilíbrio, lembrando que a linha que separa o real e o virtual é cada vez mais tênue, e o que é de direito público ou privado está hoje praticamente à mercê do bom senso de cada usuário ”, comenta Elizangela.
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