Karol Assunção – Adital
Quatro mapuche detidos na Prisão de Lebu, no Chile, retomaram, ontem (15), uma greve de fome por tempo indeterminado. José Huenuche Reimán, Héctor Llaitul Carrillanca, Jonathan Huillical Méndez e Ramón Llanquileo Pilquimán, integrantes da Coordenadora Arauco Malleco (CAM), receberão, na próxima semana, a sentença do Tribunal Oral de Cañete por ataques contra um promotor, em outubro de 2008, no marco de um conflito por terras. Em 2010, os quatro participaram de uma greve de fome contra a Lei Antiterrorista.
Em comunicado, os mapuche destacam que “é de amplo conhecimento o extenso processo investigativo e judicial que se tem desenvolvido” contra eles e “outros 13 irmãos, sob a Lei Antiterrorista, cujo resultado tem sido a condenação política de quatro militantes da CAM”.
De acordo com eles, o Tribunal Oral de Cañete condenou os indígenas com base apenas em boatos e testemunhas secretas. Por conta disso, demandam: o devido processo e um julgamento justo; a não utilização de testemunhas secretas, a não aplicação da Lei Antiterrorista; a nulidade do juízo oral; um julgamento por um tribunal competente e imparcial; a finalização de um duplo processo na justiça civil; e a transferência para a prisão de Angol, além de condições carcerárias dignas.
Natividad Llanquileo, porta-voz do grupo, considera as penas muito altas e afirma que os indígenas “não estão dispostos a passar 30 ou 40 anos na prisão, pelo que seguirão com isto [a greve] até o final”.
Em fevereiro passado, 17 indígenas mapuche foram julgados pelo Tribunal Oral de Cañete. Apesar de ter absolvido 14 mapuche acusados de associação ilícita e incêndio terrorista, os quatro integrantes da CAM foram condenados por atentado à autoridade, roubo com intimidação e ataque ao promotor Mario Elgueta, fatos ocorridos em outubro de 2008. A sentença deverá ser divulgada na próxima terça-feira (22).
Greve de fome
Esta não é a primeira vez que os mapuche protagonizam greve de fome nas prisões chilenas. Em 2010, 34 indígenas – incluindo os quatro integrantes de CAM – realizaram greve de fome nos presídios de Temuco, Concepción, Angol e Lebu. Ao todo, os mapuche passaram 81 dias em jejum pela derrogação da Lei Antiterrorista, sancionada durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Os manifestantes deram fim à greve em outubro passado, após uma negociação com o Governo.
Com informações de agências.
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