Líder indígena admite compra de voto nas eleições de Roraima

Gravações de conversas das quais participaram familiares e auxiliares diretos do governador reeleito de Roraima, José de Anchieta Jr.  (PSDB), revelam oferta de dinheiro e benefícios em troca de apoio na eleição mais disputada do país, vencida pelo tucano no segundo turno por 1.700 votos de diferença.  A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a Folha, os diálogos foram gravados por participantes e encaminhados ao Ministério Público.  O líder da comunidade indígena Boca da Mata, José Newton Simão de Lima, admitiu que negociou R$ 120 mil com o procurador-geral de Roraima.

Nos diálogos, José Newton afirma que o valor seria suficiente para conseguir o apoio de 22 comunidades indígenas.  O procurador-geral, Francisco das Chagas Batistas, nega a irregularidade.  Anchieta foi eleito por uma diferença de 1.700 votos, a margem mais estreita do país.

Em entrevistas ao jornal, Newton reafirmou os termos do diálogo.  Ele declarou que o dinheiro era “para trabalhar na campanha, para apoio e compra de voto”.  Mas, por “um imprevisto”, segundo ele, o pagamento não chegou a ocorrer.

Chagas Batista, por outro lado, havia negado que a conversa era sobre compra de votos.  O procurador afirmou que dinheiro seria para prestação de serviços à campanha.  A mulher de José Newton, Silvana Moreira de Lima, disse que a negociação foi acompanhada pela Polícia Federal.  Procurada, a PF negou.

Corrupção de todos os lados

Ângelo Goulart Villela, procurador regional eleitoral de Roraima, afirmou que entrará com ações por compra de votos contra o governador Anchieta e contra Neudo Campos (PP), o candidato derrotado.

Neudo Campos é acusado de distribuir cestas básicas entre eleitores.  Já no caso de Anchieta, suspeita-se do incentivo a invasão de terras públicas sob a promessa de que os invasores teriam a situação das áreas regularizadas caso ele fosse eleito.

As gravações reveladas mostram, além do procurador-geral do Estado, também a primeira-dama, Shéridan Anchieta, e o irmão de Anchieta Jr., Janser Teixeira, agindo na tentativa de obter votos para o governador.

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