a) Moção de repúdio ao advogado Antônio Carlos Guimarães Waszka, que nos autos do processo de Reintegração de Posse nº 001026715.2015.822.0014, em tramitação na comarca de Vilhena/RO, atribui à advogada popular Lenir Correia Coelho a responsabilidade pela ocupação, afirmando que esta teria sido “orquestrada e orientada” pela advogada, a qual seria “engenheira, projetista e estilista do esbulho” (fl. 191 dos autos). Com isso, colocou a vida da advogada em risco.
b) Moção de solidariedade às famílias do Curuguaty
A Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares – RENAP, reunida em seu Encontro de 20 Anos, no Centro de Formação Vicente Cañas em Luziânia/GO, vem manifestar solidariedade aos camponeses e camponesas e suas famílias vítimas do massacre de Curuguaty. A RENAP soma-se à sociedade paraguaia pela anulação do processo que incriminou as vítimas e também pede a responsabilização dos policiais e seu comando, que realizaram a operação criminosa. A terra de Marina Kue, como originalmente destinada, deve ir às famílias camponesas atingidas por esse episódio.
c) Moção de apoio ao PRONARA e repúdio ao PL 3200/15
Nós, advogados e advogadas populares organizados na RENAP, reunidos em Luziânia/GO entre os dias 25 e 29 de novembro de 2015 para celebrar os 20 anos de existência e resistência da Rede, tornamos público:
1. Nosso apoio incondicional ao Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA), elaborado com a participação de 9 ministérios e representantes da sociedade civil organizada. O PRONARA apresenta 6 eixos com mais de 120 iniciativas e ações concretas para redução dos agrotóxicos no Brasil, todavia ainda não foi lançado devido a posicionamentos contrários por parte do Ministério da Agricultura, que curiosamente participou de todo o processo de elaboração do programa. Defendemos o seu lançamento imediato: PRONARA já!
2. Nosso repúdio ao PL 3200/15, proposto pelo deputado Covatti Filho (PP/RS), que dispõe sobre a criação da Comissão Técnica Nacional de Fitossanitários (CTNFito), que seria alocada no MAPA e passaria a deliberar tudo que diz respeito aos agrotóxicos no Brasil. Além disso, o PL 3200/15 propõe a revogação da atual Lei de Agrotóxicos (7.802/89) e sua substituição por um diploma que desmonta o sistema normativo de agrotóxicos, violando direitos historicamente conquistados, tal como o direito à saúde e a um meio ambiente sadio.
d) Nós, advogadas e advogados populares, de diversas organizações e entidades, estudantes das turmas de direito do PRONERA nos cursos da Universidade Estadual de Feira de Santana, Universidade Estadual da Bahia e Universidade Federal do Paraná, reunidos no XX Encontro da RENAP que comemora os seus vinte anos, em Luziânia/GO, por este documento expressamos o nosso enorme repúdio:
1. REPUDIAMOS a desgraça que a Mineradora Samarco/Vale/BHP Billiton deixou acontecer em Mariana/MG, na data de 05.11.2015, com o rompimento da barragem de rejeitos com 60 milhões de metros cúbicos, ocasionando o maior CRIME ambiental, social, econômico e territorial da história do Brasil. Sim, repudiamos com veemência o ocorrido e não aceitamos o comportamento destas mineradoras que buscam o lucro em detrimento da vida humana, marinha, e da fauna e flora.
2. REPUDIAMOS que, em pleno século XXI, uma barragem de escoamento de rejeitos minerais com componentes tóxicos e metais pesados se rompa como se fosse algo anunciado para acontecer, e destrua uma bacia hidrográfica inteira (sendo uma das bacias mais importantes do país), ceifando vidas humanas, marinhas e deixando ao relento cerca de 651 desabrigados. Da mesma forma, matando um rio e atingindo direta ou indiretamente populações ribeirinhas e indígenas, entre outras, totalizando aproximadamente 800 mil pessoas.
3. REPUDIAMOS a negligência da empresa Samarco/Vale/BHP Billiton, que em pleno século XXI não dispõe de tecnologias avançadas, para não deixar a desgraça acontecer e depois deixar a lama se movimentar dentro do leito do Rio Doce a uma velocidade de 1 km/h, percorrendo mais de 500 km e levando mais de 15 dias para chegar ao Oceano Atlântico, sem que seu trajeto tenha sido interrompido, desviado, e colocado em solo.
4. REPUDIAMOS as ações do Estado Brasileiro que em todas as suas esferas alimenta a ideia de que as empresas criminosas sejam tratadas em alguma medida como vítimas. Não: estas empresas são criminosas e precisam responder por crime de responsabilidade ambiental, social, ecológica e econômica. As empresas não devem e não podem ficar impunes, e vamos fazer o nosso papel de Assessoria Jurídica Popular para fazer acontecer a reparação de que a sociedade precisa e que o ser humano atingido seja colocado em primeiro lugar, em detrimento do lucro.
Luziânia/GO, 29 de novembro de 2015.
REDE NACIONAL DE ADVOGADAS E ADVOGADOS POPULARES