Ser ou não ser Simone de Beauvoir…

Por Mary del Priore, em História Hoje

Simpática? Não. Bonita, tampouco. Muitos dos seus livros se tornaram chatos de ler: A convidada é intragável. E O Segundo Sexo tem passagens nitidamente envelhecidas para não dizer pré-históricas. Já suas Memórias, são excelentes. Alguns autores anglo-saxões a acusam de colaboracionista junto com Sartre e Picasso. Comunista? Na época, era obrigatório. Seu lado feminino só se vê nas cartas de amor que escreveu a seu amante, o jornalista americano Nelson Algreen. Mas a frase universalista e bandeira do feminismo dos anos 60 e 70, ficou: “não se nasce mulher. Torna-se mulher”.

Num país onde a violência contra a mulher é cotidiana e horária, é importante lembrar que a brasileira tem que SE construir. De preferência contra o estereótipo da Mulher-Bunda, da Loura-Burra-da-Cerveja, da submissa, da santa ou da puta. E Simone de Beauvoir foi o ponto de partida dos estudos de gênero, abordagem que des-naturaliza o fato de se ser mulher. Que extrai a mulher do seu papel unicamente biológico. Que demonstra que não nascemos para lavar louça e passar o aspirador. Ela nos convida a pensar a situação da mulher no século XX e a esposar lutas por igualdade num país onde convivem o arcaísmo, o nepotismo, o machismo, e a contemporaneidade: a internet, o consumo, a democracia. Ela nos faz meditar sobre quanto falta conquistar para ter voz, independência, direitos e deveres, dignidade. (mais…)

Ler Mais

Crise no Brasil: bispos denunciam que ‘propaganda derrotista’ gera ‘pessimismo contaminador’

Na Adital

Os bispos do Brasil apontam dificuldades e oportunidades na atual conjuntura social e política.A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou esta semana uma nota sobre “A realidade sociopolítica brasileira: dificuldades de oportunidades”. O texto foi aprovado pelo Conselho Permanente da instituição, que esteve reunido em Brasília, de 27 a 29 deste mês.

Na nota, a CNBB manifesta-se a respeito do momento de crise na atual conjuntura. “A permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas, que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional, e que faz parecer que todas as atividades do país estão paralisadas e sem rumo”, declaram os bispos. (mais…)

Ler Mais

Sorocaba: Promotor de Justiça ataca direitos da mulher

Citação de Simone de Beauvoir no Enem provoca a ira de promotor de justiça do Ministério Público Jorge Marum, que desqualifica a luta pelos direitos da mulher

No SMetal – Sindicato dos Metalúrgicos

Uma das questões da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizada no último domingo, 25, fez referência à pensadora francesa Simone Beauvoir, que tem várias publicações tanto no campo da filosofia como na literatura.

A frase citada, da obra “O Segundo Sexo”, de 1949, dizia: (mais…)

Ler Mais

Žižek: superar capitalismo, ou viver em mundo triste

Para filósofo, nada garante que revoluções derrubarão ordem atual: tudo depende de nossos gestos. E ações mais radicais são, às vezes, as que parecem menos heróicas

Entrevista a Michel Schulson, no Salon | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras

À medida que as disciplinas acadêmicas tornam-se mais especializadas, o filósofo esloveno Slavoj Žižek flerta na linha entre memória e rebeldia. Seus interesses são descaradamente amplos – de Hegel à psicanálises, de cinema à cultura pop. E seus temas são indesculpavelmente vastos: o futuro do capitalismo global; a natureza da ideologia; a experiência da realidade. (mais…)

Ler Mais

O Ustra está morto. Viva a tortura!

O coronel Ustra teve a finalização das funções de seu corpo físico. Contudo, a máquina de triturar corpos e produzir medo, em meio à democracia, permanece

Por Edson Teles*, em Carta Maior

Morreu o coronel Ustra, comandante por quatro anos do maior centro de torturas do Exército brasileiro durante a ditadura, o Doi-Codi da rua Tutoia em São Paulo.

No pensamento político inglês do século XVI se estabeleceu a teoria dos dois corpos do Rei. Além do corpo físico e biológico comum a qualquer outro ser humano, o rei possuía um corpo místico, que nunca morria, simbólico e jurídico, indicando as funções de poder do reinado. Se o corpo natural estava exposto à morte, às perversões e à impunidade, o outro corpo definia-se pelas estratégias políticas. Por isto vemos em alguns filmes de época a expressão “O Rei está morto. Viva o Rei!”, demonstrando que as estruturas políticas permanecem apesar da morte do corpo físico que executava aquelas atividades próprias às suas engrenagens. (mais…)

Ler Mais

A era em que defensorar se torna ilícito

Por Fernanda Mambrini Rudolfo, em Justificando

Vivemos uma época de caos e de medo. Mas o medo que reconheço nestas linhas não é aquele vendido e divulgado com tanto gosto na imensa maioria das mídias, mas o medo do retrocesso e da violação de direitos duramente conquistados, como a liberdade e a própria democracia.

Em conversas travadas no cotidiano forense ou mesmo com pessoas que não atuam na área jurídica, é fácil verificar um fetichismo – jurídico ou político – que pauta os anseios e as decisões. Lamentavelmente, o ideal emancipatório é mitigado em decorrência do ódio que fomenta as relações. (mais…)

Ler Mais

A blasfêmia do Porsche de Jesus.com

IHU – “Lendo a notícia sobre o Porsche Cayenne registrado em nome da empresa Jesus.com, propriedade da família Cunha, não pude deixar de me perguntar o que pensam essas centenas de milhares de evangélicos sinceros, que, fiéis a seus princípios religiosos, sacrificam, cada mês, de boa fé, uma parte de seus pequenos recursos para alimentar uma Igreja cujos membros mais responsáveis se revelam milionários e, o que é pior, acusados de enriquecimento ilícito”, escreve Juan Arias, jornalista espanhol, em artigo publicado por El País, 17-10-2015. Eis o artigo.

* * *

Como qualificar, desde um ponto de vista de sensibilidade religiosa, a união do nome de Jesus a um Porsche de luxo proporcionada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), membro da Igreja Evangélica? E a situação é ainda pior se existe a suspeita de que a frota de carros, cotados em mais de um milhão de reais, que Cunha possui poderia ser um fruto maldito da corrupção política. Para muitos cristãos deve ter parecido blasfêmia, um vocábulo que, em sua acepção original, significa um “insulto a Deus” e, em seu sentido mais amplo, representa uma irreverência em relação a algo considerado sagrado. (mais…)

Ler Mais

Chomsky e Naomi Klein encabeçam críticas às metas da ONU

A melhoria na situação dos empobrecidos deve vir da redução da enorme desigualdade, e não da perspectiva de crescimento econômico.

Carta Maior

No momento em que a ONU e os governos de todo o mundo ratificam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), devemos clarificar que eles não representam os interesses da maioria da população do planeta – aqueles que hoje são explorados e oprimidos sob a atual ordem política e econômica. (mais…)

Ler Mais

A “safada” que “abandonou” seu bebê, por Eliane Brum

Como o mito da maternidade demoniza as mulheres ainda hoje e as reduz a mães desnaturadas ou criminosas, só toleradas se forem consideradas “loucas”

Em El País

Nos últimos dias, o Brasil elegeu uma nova vilã para lançar na fogueira do moralismo. Sandra Maria dos Santos Queiroz, 37 anos, é uma nordestina de Vitória da Conquista, na Bahia, que migrou para São Paulo para trabalhar como empregada doméstica. No domingo, 4 de outubro, Sandra pariu sozinha, escondida no banheiro anexo ao quarto de empregada, a sua terceira criança. O primeiro, um garoto de 17 anos, é criado por parentes na Bahia. A segunda, uma menina de três anos, vive com ela na casa dos patrões, no bairro nobre de Higienópolis. Sandra escondeu a gravidez por nove meses e passou por todas as dores do parto, que tanto atemorizam as mulheres, sem fazer alarde. (mais…)

Ler Mais