Coincidências… Akunt’su e Corumbiara

Indígena Akunt'su (Foto: antropólogo Adelino de Lucena Mendes)

Por Tereza Amaral

Longe de querer apenas especular – mas tentando esclarecer – o que os doze trabalhadores sem-terra executados barbaramente no Massacre de Corumbiara (RO) podem ter alguma relação com o extermínio de aproximadamente quinze indígenas da etnia Akunt’su?

A indagação é devido à existência de algumas coincidências, tais como a data do massacre, ocorrido em 1995, que é o mesmo ano em que houve oficialização pela Funai da etnia que – é injustificável – não consta entre outros povos indígenas mencionados no site da Câmara Municipal.

Uma outra coincidência é que os Akunt’su, contactados pelo órgão nos anos 80, vivem na aldeia que foi sede de uma fazenda interditada pela Funai, o que provavelmente em muito incomodou os latifundiários de Rondônia.

Dez anos anos depois do contato, ano do massacre onde também morreram dois policiais militares, a etnia Akunt’su foi oficializada. E , à época, no relato do indígena por nome Kunibu aos sertanistas revela que de um grupo de 30, do qual ele nomeou aproximadamente 15 índios mortos por homens brancos, só restavam ele e mais seis.

O local onde os últimos sobreviventes vivem atualmente fica em matas do Igarapé Omerê, que é um afluente da margem esquerda do rio Corumbiara, em Rondônia. O nome do município é uma homenagem ao importante rio afluente da margem direita do rio Guaporé. Os principais rios são Corumbiara, Omerê, Rio Verde, Trincheira e Pimenta

Massacre

O massacre dos sem-terra aconteceu na fazenda Santa Elina, local improdutivo onde se encontravam acampados. Policiais militares envolvidos, pistoleiros e trabalhadores rurais foram responsáveis pela matança. Dos últimos, dois foram condenados: Claudemir Ramos, morto em 2011 por policiais militares ( conhecido por “O foragido da Injustiça”). O Poder Judiciário soltou o único suspeito da sua morte que foi executado cerca de um mês depois.

O resultado foi o arquivamento da investigação e impunidade para os mandantes, dentre eles Antenor Duarte, um dos maiores latifundiários de Rondônia e apontado como principal suspeito.

Entre os sobreviventes estava Claudemir Gilberto Ramos, cuja vida foi salva pela CUT de Rondônia, com ajuda do então presidente nacional, Vicente Paulo da Silva, Vicentinho. Ele foi retirado de Rondônia para não ser morto e vive escondido.

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