“Em visita à comunidade do Brejo dos Crioulos em 06/07/11, no município de São João da Ponte/MG, reunimos com cerca de 200 pessoas daquela comunidade [quilombola] relatando os problemas que vêm ocorrendo:
– Disseram que estão com dificuldades de manter os plantios de grãos para seus sustentos, uma vez que não recebem créditos para desenvolverem nem a agricultura de subsistência.
– Relatam que estão confinados em comunidades cercadas por fazendeiros que os proibem até de circular pela região, coagindo-os com jagunços que ostetam armamento com intuito de atemorizá-los em plena luz do dia.
– Não existe policiamento na área rural, e quando a policia comparece não encontra armas e jagunços, porque sempre se esquivam por ser uma área extensa e longe de tudo.
– Os relatos que ouvi de pessoas diferentes atestam que de fato há indícios de formação de milícia armada, uma vez que cada fazenda tem seus “seguranças” que andam com veículos que não são da região, à cavalo e motocicletas, fazendo “vigilância” armada.
– Informam ainda, mesmo que cada fazenda tenha seu “segurança”, há um elemento que coordena todos, uma vez que faz a ligação entre os fazendeiros e os “seguranças” contratados.
Pude vivenciar de perto o temor daqueles trabalhadores quanto as ameaças que sofrem!
– Relatam mais: que não acreditam nas autoridades, que só fazem promessas e não dão solução ao problema.
Não há, ao meu ver, segurança, e a qualquer momento poderão, homens e mulheres, morrerem em face do conflito nesta região.
Sabemos que aqueles que estão em gabinetes de Brasília não sentem e nem sentirão na pele o medo e a frustração dos quilombolas, que em mais um capítulo da história sentem os reflexos da escravidão, agora tolhidos em sua liberdade por ameaça e violência!
Elcio Pacheco”.