Diretor do Museu do Índio fala sobre a necessidade de políticas públicas para documentar e preservar as línguas indígenas
As línguas são o elemento e o veículo mais importante das culturas indígenas, refletindo sua experiência e adaptando-se às suas necessidades ambientais, sociais, culturais e espirituais.
No Brasil, devido à densidade populacional dos povos indígenas, com o número reduzido de habitantes por aldeias, e o fato de existirem vários grupos indígenas que ainda vivem sem contato com a sociedade, podendo falar outras línguas, ainda desconhecidas, existe uma dificuldade enorme de transmissão do conhecimento das línguas indígenas.
Sobre o assunto, o Amazônia Brasileira conversou com o Diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho, que explicou sobre a situação das línguas indígenas no Brasil.
De acordo com ele, o país corre o risco de perder, no prazo de 15 anos, um terço de suas línguas indígenas. Segundo ele, o governo precisa implantar políticas públicas que ajudem na preservação dessas línguas: “Devido a não implantação de políticas de preservação das línguas indígenas, estamos na iminência de ver desaparecer mais de 40 línguas indígenas nos próximos anos”.
Atualmente, especialistas do Museu Goeldi, acreditam existirem em torno de 160 línguas indígenas faladas no Brasil. A contagem no Brasil é difícil, pois existem línguas indígenas que não possuem autodenominações, fato que pode produzir confusão entre línguas, dialetos, grupos e subgrupos.
O Museu do Índio tem a responsabilidade de implementar políticas de proteção ao patrimônio cultural indígena. Desde 2009, o Museu tem desenvolvido um trabalho de documentação de culturas e línguas em situação de emergência, com ameaça de desaparecimento. A equipe iniciou o trabalho com o registro de documentação de 14 línguas e 17 culturas e conseguiram produzir material de grande importância, com cinco gramáticas pedagógicas, desenvolvidas com os índios: “pela primeira vez, no Brasil, está sendo criado material pedagógico, em parceria com os índios, de modo que eles poderão, fazer de uma forma evolutiva, crescente, o desenvolvimento do aprendizado na sala de aula”, explicou o Diretor do Museu do Índio.
Para o evento dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, o Museu do Índio enviará equipes para um trabalho de registro e documentação.
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Imagem: Carlo Zacquini (IMC)