Ubervalter Coimbra, Século Diário
O flagrante de poluição do mar em Camburi com minério da Vale na semana passada exige providências severas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e da Prefeitura de Vitória. A empresa polui o mar com minério desde 1969.
O flagrante da poluição do mar pela Vale em Camburi foi registrado na sexta-feira passada, e repercutiu nesta segunda-feira (25) na CPI do Pó Preto. O deputado Gilsinho Lopes (PR) disse que cobrou do Iema, que afirmou estar investigando a denúncia e, da Vale, que afirmou se tratar de minério fino, mas não assumiu a autoria da poluição.
O poluente da semana passada é minério fino e a mancha tinha cerca de 400 metros, a cerca de 800 metros da praia.
O órgão estadual já multou a empresa em R$ 3 milhões em 2011, mas a presidente do órgão, Sueli Tonini, e um de seus técnicos, da mesma maneira que o secretário da Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), Rodrigo Júdice, negaram na CPI do Pó Preto qualquer penalidade à empresa.
Não há informação se a multa de R$ 3 milhões foi paga. A Vale já recebeu redução do valor da multa mesmo quando teria de pagar apenas R$ 13,5 mil. A empresa recorreu ao Conselho Regional de Meio Ambiente (Conrema V) e os conselheiros reduziram em 30%, restando pagar apenas R$ 9,45 mil.
A Vale poluiu o mar acintosa e criminosamente de 1969 a 1984, e continua poluindo. Em síntese, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou em ação civil pública à Justiça Federal que a empresa destruiu uma área de 110 mil metros quadrados de vegetação de restinga, de praia e do mar em Camburi.
Do minério que a Vale jogou no local, pelo menos 60 mil metros cúbicos estão depositados no fundo do mar. Formam uma montanha marinha, cobrindo as condições naturais. O minério impede a reprodução de espécies que entram na cadeia alimentar dos peixes e do homem.
Não só na CPI a nova informação de poluição com minério em Camburi teve repercussão. Nesta segunda-feira, Eraylton Moreschi Junior, presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, requereu ao secretário da Seama, Rodrigo Júdice, providências legais para penalizar a empresa Vale com os “rigores da legislação, haja vista de que a empresa é reincidente neste tipo de poluição”. Também foram cobrados o Iema e a Secretaria de Meio Ambiente (Semmam) de Vitória, nos termos requeridos ao secretário da Seama.
Erayton Moreschi Junior afirmou que a poluição por minério de ferro fino foi informado pela empresa Vale ao Iema.
A Vale é a principal poluidora do ar na Região Metropolitana da Grande Vitória, e também do sul capixaba, através da Samarco, empresa onde detém 50% das ações. Outra de poluidora do ar na Grande Vitória é a ArcelorMittal Tubarão e Cariacica.
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Foto: Leonardo Sá.