Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – Levantamento realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em relação ao impacto de 400 obras no país constata que 180 comunidades indígenas são prejudicadas pelos empreendimentos. Além disso, elas não tem sido consultados previamente. As informações foram apresentadas nesta sexta-feira (29) pelo secretário-adjunto da entidade, Saulo Feitosa.
Para ele, esse cenário desrespeita a Constituição e a Convenção 69 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. A norma prevê que o governo tenha a obrigação de conseguir o consentimento prévio, livre e informado dos povos indígenas, antes de tomar medidas que os afetem.
“São muitas as atividades que geram impactos para os povos, como a utilização dos recursos hídricos em terras indígenas, construção de rodovias, mineração e turismo, as comunidades sofrem os impactos e, na maioria das vezes, nem sabem a proposta e a abrangência dos empreendimentos”, disse Feitosa, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
“Quando os povos enfrentam a questão dos empreendimentos na luta pela terra, eles sofrem um processo de criminalização. Tem índio sendo processado, outros já foram condenados e presos”, afirmou Feitosa.
No início de abril, a Organização dos Estados Americanos (OEA) solicitou que o governo brasileiro suspendesse o processo de licenciamento ambiental e construção da Usina de Belo Monte, no Pará, citando o potencial prejuízo da obra às comunidades tradicionais da Bacia do Rio Xingu.
Feitosa explica que a medida cautelar concedida pela OEA recomenda que o governo escute as comunidades. “É um absurdo que, para estabelecer um diálogo, seja necessária uma medida cautelar e uma intervenção de uma organização internacional. Isso não seria preciso se o governo estivesse disposto ao diálogo.”
Para discutir impactos gerados por grandes obras, o Cimi realiza desta sexta a domingo (1º) o Encontro Nacional dos Povos Indígenas em Defesa da Terra e da Vida. O evento, em Luziânia (GO), tem como tema “Vida e Liberdade para os Povos Indígenas – Povos Indígenas Construindo o Bem Viver”.
Enviada por José Carlos.