Cerca de 60% dos venenos usados no Brasil são jogados em lavouras de soja, milho e algodão
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Entre os dias 5 e 7 de outubro, aconteceu Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) – Unidade Tapes, a 7ª Semana Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia e Gestão Ambiental e a 3ª Semana do Bacharelado de Gestão Ambiental.
O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, e o assessor parlamentar do deputado estadual Edegar Pretto (PT), Juliano de Sá, debateram com educandos e educadores sobre produção agroecológica e uso de agrotóxicos no Brasil.
Melgarejo alertou para mitologias existente em torno dos agrotóxicos, como a falsa informação de que se degradam rapidamente no meio ambiente e não são perigosos.
Segundo ele, há tipos de venenos que levam até 300 anos para se degradar; e alguns, como é o caso do Glifosato, podem se transformar em um tipo de ácido, se tornando ainda mais tóxico que a sua composição original.
O presidente da Agapan destacou ainda que, dos 50 tipos de venenos mais usados no Brasil, 20 são proibidos em seus países de origem, como é o caso do 2,4-D, herbicida que causa, entre outros problemas, alterações genéticas nos seres humanos.
“De forma geral, os agrotóxicos podem causar complicações nos sistemas nervoso, imune e endócrino. Hoje, a maior parte dos suicídios acontece na zona rural e está relacionada ao uso de venenos, que contribuem para a depressão”, disse.
O evento contou com a participação do coordenador do MST, João Pedro Stédile, e de representante do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Conforme dados apresentados pelo engenheiro agrônomo, 60% dos venenos usados no Brasil são jogados em lavouras de soja, milho e algodão. “A maioria dos alimentos que estão nos mercados é elaborada com soja e milho; tudo o que compramos lá, que parece ser comida, e não estraga após dias ou semanas, está cheio de veneno, de transgênicos”, afirmou.
Ele também apontou a necessidade de medidas que restrinjam a possibilidade de uso do veneno no Brasil, como mudar o sistema de tributação dos agrotóxicos.
“Quanto mais perigoso, mais caro tem que ser”, defendeu. Na ocasião, Juliano de Sá apresentou a Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável, lançada em agosto deste ano, na Assembleia Legislativa do RS, e três projetos de lei de autoria do deputado Edegar Pretto, que coíbem o uso de agrotóxicos no estado.
“Um mundo mais justo e saudável é possível. Tem coisas boas acontecendo e existe a possibilidade de construirmos um cultivo longe de venenos, da morte e dos agrotóxicos”, conclui Juliano. Sá ainda convidou os acadêmicos e professores para participarem da Aula Pública da Alimentação Saudável, no próximo dia 17, no Parque da Redenção, em Porto Alegre.