O Conselho Indigenista Missionário – CIMI e a Diocese de Roraima vêm a público manifestar sua preocupação diante da invasão de garimpeiros na região ocupada pelo grupo indígena isolado Moxi Hatëtëa, no interior da terra Yanomami e com a ausência de medidas de proteção por parte do governo. A denúncia foi apresentada por lideranças Yanomami da Associação Indígena Hutukara ao MPF/RR no último dia 25/09/2015, informando que a estrutura da Base de proteção etno-ambiental da Funai, inclusive a sua pista de pouso, está sendo utilizada por garimpeiros.
A denúncia é particularmente grave, porque se trata de uma região habitada por indígenas isolados, em situação de extrema vulnerabilidade, sozinhos, indefesos e desprotegidos diante da invasão de seu território. É de conhecimento da Fundação Nacional do Índio – Funai, órgão indigenista governamental, que garimpeiros tomaram posse da sua base de fiscalização localizada na Serra da Estrutura, próximo ao Alto Catrimani, desativada desde março passado sob alegação de falta de condições para manter servidores na área.
Esta invasão é o prenúncio de novos genocídios indígenas. Neste momento existe uma grande interrogação sobre os Moxi Hatëtëa, se sobreviveram à invasão garimpeira, fugindo do local em que estavam localizados (por que já se sabe que não estão mais lá) ou se foram massacrados, fazendo parte da triste lista dos povos indígenas exterminados.
A possibilidade de ter ocorrido mais um genocídio não é mera especulação se olharmos para a história recente da invasão garimpeira na terra indígena Yanomami. Em 1993 ganhou grande destaque na imprensa do mundo inteiro o “massacre do Haximu” em que 16 índios foram mortos, entre eles velhos, mulheres e crianças. Estima-se que o garimpo ilegal nesta terra indígena, no final da década e 80 e início da década de 90 tenha provocado a morte de aproximadamente dois mil Yanomami.
Por isso, é incompreensível que o Governo Federal, que tem na Funai uma Coordenadoria especialmente criada para a proteção dos povos indígenas isolados, sabendo do alto risco de extinção dos Moxi Hatëtëa, não tenha adotado, até o momento, as providências necessárias para manter a integridade do referido grupo Yanomami.
A gravidade da situação exige uma operação imediata de retirada dos garimpeiros da região habitada pelos Moxi Hatëtëa, a urgente reativação da base de proteção da Funai, assim como uma investigação rigorosa sobre os promotores da invasão da terra indígena Yanomami e a punição dos responsáveis. Cabe ao governo federal também informar à sociedade o que aconteceu ao grupo indígena isolado.
Manaus (AM), 07 de outubro de 2015.
Conselho Indigenista Missionário – CIMI e Diocese de Roraima