Jaqueline Pontes, Portal Amazônia
Além do português, os idiomas indígenas Macuxi e Wapixana se tornaram co-oficiais no município de Bonfim (distante a 125 km de Boa Vista), após aprovação da Lei municipal nº 21/2014. Bonfim é a terceira cidade brasileira a reconhecer línguas indígenas como oficiais, além do município São João [Gabriel?] da Cachoeira, no Amazonas e Tacuru, Mato Grosso do Sul.
Estima-se que cerca de sete mil índios vivem na região de Serra da Lua, dos quais, em média, quatro mil falam a língua Wapixana e 200 o Macuxi. Devido o português ser o idioma mais falado da região e depois wapixana e Macuxi, respectivamente, surgiu a ideia de inseri-las como co-oficiais.
O projeto partiu de professores do Instituto Insikiran, da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Líderes e alunos indígenas, em parceria com os professores, conseguiram levar o projeto de lei à Câmara Municipal de Bonfim e consequentemente a aprovação por unanimidade. A Lei foi aprovada no final de 2014 e o município tem o prazo de cinco anos para realizar as adequações necessárias.
Passados os cinco anos, os povos indígenas devem ser atendidos na língua de origem, em órgãos públicos do município. Documentos e placas de sinalização precisam conter os três idiomas para dar a possibilidade de o índio falar a língua da etnia a qual pertence. O processo de oficialização das línguas indígenas começou a ser discutido no mês de abril de 2012.
De acordo com a professora do curso de Gestão Territorial Indígena da Universidade Federal de Roraima Ananda Machado, para que as adaptações ocorram no município de Bonfim é necessário fiscalização da população e dos envolvidos para conseguir as conquistas. “Estudei nos municípios que tem línguas indígenas como oficiais e o município não evolui sozinho nessa questão”, contou.
A proposta da Lei tem como principal objetivo garantir que os povos indígenas tenham o direito de falar o idioma da etnia a qual pertence e preservar o idioma ao longo dos anos. A Lei nº 21/2014, aprovada pela Câmara Municipal de Bonfim, serve de apoio aos direitos linguísticos. O falante de língua indígena possui declaração a nível mundial, onde tem garantido o direito de falar o idioma de origem.
No Brasil, ao longo dos anos, na cultura indígena, muitas línguas foram perdidas devido à influência do idioma português. Conforme a professora, o uso da língua deve contribuir para que os indígenas aprendam o idioma de origem. “Reconhecer o valor que essas línguas têm vai colaborar com a preservação”, contou ao Portal Amazônia.
Para a professora do curso de Gestão Territorial Indígena, a medida de adequação e valorização das línguas Macuxi e Wapixana é de grande importância para a cultura do povo indígena da região. “A Lei consegue mais espaço para essas línguas indígenas. Essas pessoas podem chegar a qualquer lugar e falar a língua delas. Não é vergonha ter uma placa em língua indígena”, ressaltou.
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Imagem: Reprodução do Portal da Amazônia
Fico orgulhosa em saber disso e penso que é fundamental sabermos pelo menos uma língua indigena, que é nossa origem e verdadeira. Esse projeto deveria se estender por todo o país!
Parabéns aos parentes wapixans e macuxi e Câmara Municipal em tantos desafios q temos para manter as nossas línguas indígenas vivas está ação irá contribuir em parte para valorização e respeito pelas línguas indígenas em Roraima e no Brasil .
Ops: Apenas uma observação…O nome correto do município no Amazonas é São Gabriel da Cachoeira. Obrigado!